Saiba quem é o advogado e influenciador que foi preso sob suspeita de violência doméstica

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João Neto e parceira agredida em corredor de prédio em que vivem

Preso sob suspeita de ter agredido a companheira, o advogado João Francisco de Assis Neto, 47, tem pouco mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais e ficou famoso por fazer análises de processos jurídicos, usualmente respondendo caixas de perguntas sobre casos hipotéticos.

É dele o bordão ‘no coco e no relógio’, que significa um disparo de arma de fogo no coração e outro na cabeça.

O advogado foi preso em flagrante, na noite da segunda-feira (14), sob suspeita de agredir a companheira no edifício em que vivem, no bairro de Jatiúca, em Maceió (AL). O episódio foi enquadrado como lesão corporal nos termos da Lei Maria da Penha, de acordo com a Polícia Civil. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva na terça-feira (15).

Por meio de nota, a defesa dele disse que o assunto será esclarecido após a audiência de custódia. A defesa, composta por Minghan Chen, Lucas Amorim, Cicero Pedroza e Vinicius Guido, reforçou que o caso está sendo analisado pelas autoridades competentes e que está confiante de que, com a apuração técnica e isenta dos fatos, a verdade será restabelecida.

Nas redes sociais, João Neto se identifica como advogado criminalista, ex-policial militar da Bahia e pós-graduado e mestre em ciências criminais.

Questionada, a Polícia Militar da Bahia informou que João Neto foi desligado da corporação há 15 anos, enquanto realizava o curso de formação de soldados. “Como foi excluído antes da conclusão do curso, ele em nenhum momento trabalhou na rua como policial militar formado.”

Ele foi advogado de Pablo Marçal durante a campanha à Prefeitura de São Paulo no ano passado. Também em 2024, ele se envolveu em uma confusão durante uma audiência de conciliação, na qual disse ter sido empurrado por outro advogado e desferiu três socos em legítima defesa.

Por meio de vídeos bem-humorados e memes, João Neto fala sobre casos emblemáticos da Justiça, como a prisão e soltura de Daniel Alves ou análises de decisões de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Entre as brincadeiras, dizia que nenhum de seus clientes era culpado, apesar de evidências que pudessem apontar isso.

Em entrevista ao podcast Redcast no começo do mês, o advogado disse que só havia um motivo para que um homem batesse em uma mulher.

“Homem só tem um motivo para bater na mulher: se ela lhe bater. Quem não quer apanhar não bate. Se a mulher sabe que não aguenta com você, ela vai dar uma tapa na sua cara para quê? Se ela dá um tapa na sua cara, ela está querendo levar outro”, afirmou.

Em 2020, um estabelecimento comercial de João Neto foi invadido após uma suposta tentativa de homicídio contra um funcionário no bairro Santos Dumont, em Maceió.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o colaborador é abordado pelas costas por um homem armado e é atingido. O advogado reage, saca uma arma e atira contra os dois suspeitos, matando um no local, enquanto o outro conseguiu fugir.

Ele afirmou ter agido em legítima defesa e foi liberado após ser ouvido na delegacia.

A imagem mostra um corredor de hotel com portas de madeira. Uma jovem mulher está em pé no corredor, vestindo um vestido laranja. Ela parece estar em estado de agitação, com a mão na cabeça. No chão, há manchas de sangue. Ao lado, há um extintor de incêndio e um aviso de segurança na parede. A cena é capturada por uma câmera de segurança, e a data e hora estão visíveis no canto superior direito.
João Neto e parceira agredida em corredor de prédio em que vivem

O caso

Vídeos de uma câmera de segurança do prédio mostram o momento em que a vítima, de 25 anos, aparece no corredor sangrando e segurando o queixo. O advogado empurra um pano para estancar o sangramento e a mulher cai no chão.

João Neto, então, pede que funcionários limpem o chão e lhe entreguem os pertences da mulher. Depois, eles deixam o local. As imagens já estão anexadas ao inquérito policial.

A delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das DEAMs (Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher), disse que a vítima relatou que caiu por causa de um soco desferido pelo advogado. Ela também revelou, segundo a delegada, que esse não foi o primeiro episódio de violência doméstica, pelo mesmo agressor, mas que não prestou queixa.

“Eles estavam juntos há dois anos, em união estável. Eram de Arapiraca e vieram para Maceió porque ele comprou um apartamento, que estava em reforma. Houve o cometimento de violência doméstica e familiar, e ela relata que ele já tinha esse comportamento agressivo, violento anteriormente”, afirmou.

João Neto foi preso por agentes da Oplit (Operação Policial Litorânea Integrada), composta por policias civis e militares, próximo ao hospital em que a vítima estava recebendo atendimento médico por agentes. Ele já foi indiciado sob suspeita de lesão corporal neste caso.

Até o momento, um dos trabalhadores que fazia manutenção no apartamento foi ouvido. Ele disse não ter visto o momento da agressão. Outras pessoas ainda serão ouvidas no inquérito.

A polícia também comunicou o episódio à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O Conselho Federal da Ordem decidiu, em março de 2019, que a violência contra a mulher constitui fator apto a caracterizar a ausência de idoneidade moral. A OAB não se posicionou até agora.

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