Segundo maior produtor de soja do mundo passa a vender peixe em mercados
O grupo Bom Futuro, segundo maior produtor de soja do mundo, com 1,3 milhão de toneladas na última safra, vai começar a vender peixe direto para o consumidor. A empresa, de Mato Grosso, produz commodities agrícolas como soja, milho, algodão e boi, mas já tinha um negócio de pescados. Só que vendia apenas no atacado. Agora a intenção é chegar ao consumidor final, principalmente em São Paulo.
Atualmente, a empresa processa 100 toneladas de pescados por mês. Desse volume, 30 toneladas são só de filés de tilápia, e a meta, segundo Herbert Carli Junior, coordenador de pecuária e piscicultura do grupo, é quase dobrar a produção até junho de 2022.
“O objetivo é que, em seis meses, estejamos processando 150 toneladas por mês e produzindo em torno de 50 toneladas de filés de tilápia”, disse.
De acordo com Carli, a aposta no varejo se deve à busca por um gasto médio do consumidor mais atrativo para a empresa.
Esse indicador é o valor médio das vendas por um período e indica o desempenho da empresa, mostrando quanto a equipe comercial consegue fechar negócios mais vantajosos. O grupo, desde 2013, vendia peixes no atacado em São Paulo.
Além dos filés de tilápias, que são o carro-chefe, a empresa também investiu em peixes nativos como o tambaqui e o pintado, que é comercializado inteiro. Nesse segmento, a produção gira em torno de 150 toneladas por mês.
De acordo com o grupo Bom Futuro, entre janeiro e novembro de 2021, o faturamento da empresa no setor de peixes processador foi superior a R$ 12 milhões, um aumento de 68% em relação ao ano anterior.
Cresce consumo de peixes
A piscicultura está crescendo no Brasil e, segundo informações da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o ritmo de crescimento foi de 4% ao ano, entre 2013 e 2020. Em 2020, foram produzidas cerca de 802 mil toneladas de pescados para atender o aumento da demanda, principalmente no mercado externo.
O aumento das exportações é responsável por puxar o desenvolvimento da atividade no Brasil.
Segundo o Centro de Inteligência e Mercado da Aquicultura, da Embrapa (CIAqui), até novembro deste ano, as exportações da piscicultura totalizam US$ 17,4 milhões, aumento de 47% em comparação com o ano todo de 2020. O destino principal são os Estados Unidos, que importam 54% do total vendido.
O Mato Groso do Sul, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o maior produtor de tilápias do país, com 16,2 milhões de peixes da espécie.
O aumento na demanda pelo peixe atraiu também outras empresas. A JBS, maior processadora de carnes do mundo, anunciou em agosto de 2021 que também estava entrando na atividade.
Em novembro, finalizou a compra de 100% das ações da Huon, a segunda maior processadora de salmão da Austrália, por R$ 1,6 bilhão.
Sorvete de tilápia
A tilápia pode atrair consumidores por sua facilidade em ser preparada e sabor, mas em Marechal Cândido Rondon (PR), uma pesquisadora da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) criou o sorvete de tilápia.
Segundo Ana Maria Silva, ela usou biotecnologia para transformar a carne de tilápia em líquido e inseri-lo no sorvete, para aumentar o teor de proteínas do alimento.
O sorvete com hidrolisado de tilápia foi preparado por Ana Maria a partir de uma base de sorvete com o líquido de carne mecanicamente separada. Isso é um processo de aproveitamento das carnes não retiradas pelos frigoríficos que filetam o peixe.
Agora, a pesquisadora quer transformar o hidrolisado de tilápia em um pó que possa ser adicionado a outros alimentos, para suprir a necessidade de proteínas na alimentação, e também, transformar o produto em um concentrado proteico que possa substituir o leite em dietas para pessoas alérgicas.