Segurança pede para criança negra sair de doceria de SP, diz mãe do menino

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Foto: Reprodução

Por FÁBIO PESCARINI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma mãe pretende ir à Justiça contra um centro comercial em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, porque um segurança do local teria sido racista contra o seu filho, de 10 anos, que é negro. O caso aconteceu por volta das 10h da última sexta-feira (25), em uma loja de doces na rua Cardoso de Almeida.

De acordo com a jornalista de 54 anos, o segurança disse para o garoto, que havia acabado de entrar na doceria para encontrar a mãe, que saísse dali porque não era permitida a presença de pedintes no local. O menino ficou revoltado, lembra ela, e ainda questiona se tudo isso aconteceu por causa da cor de sua pele.

A jornalista conta que todas as sextas-feiras espera na doceria, ou em alguma outra loja do centro comercial, o menino sair da terapia, realizada em um local próximo. Desta vez, diz, o terapeuta deixou o garoto no estacionamento e ele se dirigiu à loja para sentar-se com ela.

Nesse momento, a mulher, que é branca e mãe de dois filhos negros adotivos –o garoto tem uma irmã de 14 anos–, afirma que o segurança abriu a porta de vidro, que estava fechada por causa do ar-condicionado, e pediu para o menino sair. Imediatamente, conta, ela pegou o celular, começou a filmar e passou a discutir com o homem.

No vídeo, que teve trecho publicado por ela em suas redes sociais, a mãe questiona várias vezes os motivos de o filho não poder entrar na loja. “Você falou para esse menino que ele não pode estar pedindo”, diz, na gravação, para o segurança. Nas imagens, o funcionário afirma que, segundo regras do condomínio, pessoas não podem ficar pedindo.

Segundo a mãe, seu filho chegou a dizer que aquilo era racismo. O segurança, afirma ela, negou, dizendo que ele também era negro. A jornalista conta que pediu o nome do funcionário e o contato da empresa, que é terceirizada pelo condomínio, mas ele se negou a informar e foi embora.

A funcionária da doceria foi solidária à família, ofereceu café à mãe e brigadeiro para a criança, que conseguiram se acalmar.

Em nota, o centro comercial Instant Center, que tem mais de dez empreendimentos, disse lamentar o ocorrido, que “repudia qualquer tipo de discriminação, preconceito e violência e preza pelo respeito mútuo” e que “acionou as equipes internas, bem como a empresa de segurança terceirizada, para seguir com medidas cabíveis e necessárias”.

Procurada no início da tarde deste sábado (26), uma atendente da empresa de segurança afirmou que os responsáveis já haviam ido embora e voltam na segunda-feira. A reportagem mandou um email para uma representante do RH, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

A mãe planeja ir à Justiça. A ideia é que, com isso, consiga fazer com que todas as empresas de segurança tenham cursos contra racismo.

Leia a íntegra da nota do centro comercial

Lamentamos profundamente o que ocorreu em nosso empreendimento no dia 25 de março.

Declaramos que a Instant Center repudia qualquer tipo de discriminação, preconceito e violência e preza pelo respeito mútuo.

Reforçamos que nossa empresa possui valores que enalteçam o respeito, o relacionamento, a segurança e a qualidade no atendimento a todos.

Diante de todos os fatos, a diretoria da empresa apurou detalhadamente o caso e acionou as equipes internas, bem como a empresa de segurança terceirizada para seguir com medidas cabíveis e necessárias.

Seguimos atentos aos acontecimentos e reiteramos nosso compromisso em prosseguir e garantir o respeito e a igualdade em todas as nossas condutas internas e externas.

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