Sem acordo, texto final do G20 deixa guerras em Gaza e Ucrânia apenas em nota de rodapé
![](https://i0.wp.com/palavrapb.com/wp-content/uploads/2024/02/image-10-26.jpg?fit=566%2C377&ssl=1)
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, discursa na abertura do segundo dia de trabalhos do G20, em São Paulo — Foto: Diogo Zacarias/MF
Por Julia Duailibi, Gustavo Petró
O texto final do encontro do G20 teve acordo em quase todos os pontos, menos no parágrafo que citava as guerras em Gaza e na Ucrânia, que permaneceu sem consenso e virou uma nota de rodapé.
O Brasil, que está na presidência do G20 em 2024, fez propostas para a inclusão do tema “guerra”, mas o G7, grupo dos países mais industrializados do mundo, não aceitaram.
O resultado final foi um “chair statement”, um comunicado oficial da presidência do G20, escrito pelo ministro da Economia, Fernando Haddad. Esse documento incluiu todos os nove parágrafos previamente acordados por todos os países e uma nota de rodapé específica sobre a questão das guerras. Apenas essa nota de rodapé não teve acordo.
O documento da presidência é uma prática comum desde os tempos da guerra na Ucrânia.
Os chanceleres presentes no Rio de Janeiro não chegaram a discutir o documento formalmente, e a questão da guerra foi o único obstáculo significativo.
Tentativa de tirar Israel e Rússia de texto final
Na quarta-feira (28/2), o Brasil sugeriu retirar menção a Israel e Rússia para fechar o texto final do G20, que será apresentado no final da reunião dos ministros das Finanças e dos Bancos Centrais do encontro, que acontece em São Paulo.
A ideia era citar Gaza e Ucrânia, mas não citar os outros dois países para haver consenso no comunicado final.
Em se tratando dos riscos macroeconômicos para a economia global, costurava-se citar os conflitos no texto. No entanto, para que a reunião não termine sem um comunicado final, o Brasil costurou um acordo para que fossem excluídos.
O que, de fato, será mencionado é a taxação dos super-ricos, embora a questão seja citada de maneira indireta. A expressão escolhida para tratar do assunto foi “tributação justa e progressiva”.
Apesar da ausência de menção explícita aos super-ricos, a abordagem da taxação é vista como um avanço positivo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia defendido a taxação do grupo, ressaltando, porém, a necessidade de acordos internacionais que evitem a fuga de capitais entre as nações.