‘Seu moleque. Irresponsável’, diz prefeito de SP em bate-boca sobre IPTU no WhatsApp

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

Por Artur Rodrigues

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), discutiu com um apoiador dos vereadores Jair e Arselino Tatto, ambos do PT, em um grupo de WhatsApp. O bate-boca no grupo Zona Sul Notícias ocorreu no domingo (12) devido a críticas relacionadas ao reajuste do IPTU na cidade.

Enquanto governistas citam uma trava no reajuste pela inflação até 2024, a oposição bate o pé dizendo que, apesar disso, os mais pobres serão mais prejudicados. O assunto, sempre potencialmente desgastante à imagem do governante da vez, tem irritado Nunes.

Um assessor parlamentar de Arselino Tatto, Altair Gomes, conhecido como Bebezão, repetiu o argumento em um grupo de moradores da zona sul, causando a reação do prefeito.

Nunes, então, respondeu ao homem dizendo que se tratava de mentira e que não haveria aumento do IPTU. “Seu moleque. Irresponsável. Mentiroso”, escreveu o prefeito.

Ao ser perguntado pelo homem se o vereador Jair Tatto mentia em vídeo encaminhado por ele, Nunes respondeu: “Está mentindo. É um mentiroso. Vocês são distribuidores de fake news. Irresponsáveis”.

A reportagem procurou a prefeitura, que não comentou o episódio.

A reportagem conversou com o assessor parlamentar que participou da discussão. Ele disse que não sabia que Nunes estava no grupo em questão.

“Eu fiquei sabendo na hora em que ele me chama de moleque”, disse. “Respondi para ele educadamente, não ofendi ele em momento nenhum”.

Segundo o assessor, Nunes ainda conversou com ele no modo privado sobre o assunto. A reportagem teve acesso a um áudio que o assessor dizer ter enviado a Nunes na conversa, em que diz que o prefeito não aceita críticas.

Ao fim, porém, segundo ele, o prefeito baixou o tom e sinalizou positivamente para uma conversa no futuro.

No fim de novembro, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta sexta-feira (26), em segundo turno, o projeto de reajuste da base de cálculo proposto pela gestão Nunes.

A nova regra prevê reajuste pela inflação até 2024. No entanto, a oposição argumenta que a lei é regressiva e prejudica mais a população da periferia.

Nesta segunda, Tatto reafirmou as críticas de regressividade que vinha fazendo ao projeto de Nunes. Ele exemplificou à reportagem que a proposta diminui o valor pago em áreas nobres da cidade.

“Aonde reduziram a correção da planta genérica de valores? Aí não tem trava, né?”, disse. “Uma coisa é chamada de IPTU progressivo, e uma coisa é, que eles fizeram, [IPTU] regressivo”.

O parlamentar também disse que, apesar da discussão do tema, Ricardo Nunes é seu amigo e que não tem nada contra ele.

De acordo com nota técnica feita pelo PT e PSOL na época da aprovação do projeto, haverá crescimento de arrecadação do IPTU de 33% no centro, 36% no centro expandido e nas duas zonas que representam as regiões periféricas aumentos de 70% e 78%.

Na época da aprovação do projeto, a gestão Nunes disse que “as críticas feitas pela oposição são improcedentes e inverídicas”.

“Reiteramos que o IPTU de 2022 não terá aumento, mas correção limitada à inflação até 2024, a isenção de 1,1 milhão de imóveis será mantida e não existe regressividade, posto que a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV) deve ser feita a cada quatro anos para corrigir distorções nos valores venais dos imóveis da capital, acompanhando eventuais valorizações e desvalorizações ocorridas em cada região da cidade no período”.

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