Sob Lula, fraude rende salários extras a militares bolsonaristas

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Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert/PR

por Josias de Souza

Já se sabia que, sob Bolsonaro, certos oficiais das Forças Armadas fecharam os olhos ou aderiram aos esforços do capitão para demolir a pátria. Descobre-se agora que, sob Lula, alguns militares extraem lucro dos escombros.

Notícia do Estadão informa que o general Marco Antônio Freire Gomes e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandantes do Exército e da Marinha, usaram informações falsas para se alistar na tropa da quarentena remunerada.

A quarentena assegura seis meses de salários extras a ex-autoridades que tiveram acesso a informações privilegiadas. Pela lei, a remuneração serve para evitar que segredos de estado sejam, por assim dizer, vendidos. Freire Gomes e Almir Garnier informaram à Comissão de Ética Pública ter recebido propostas de trabalho de entidades privadas. Era lorota.

O general iria para a Associação Brasileira de Blindagem. O almirante, para o Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança. Ouvidas, as duas entidades negaram interesse em empregar os personagens.

Significa dizer que dois militares de estimação de Bolsonaro beliscaram fraudulentamente as remunerações adicionais da quarentena. Já recebiam contracheques de mais de R$ 35 mil do Exército e da Marinha. Com o aditivo, a remuneração deu um salto. Num dos casos, passou de R$ 100 mil.

Freire Gomes e Almir Garnier frequentam a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid como participantes da reunião em que Bolsonaro discutiu com a cúpula das “minhas Forças Armadas” uma minuta de golpe.

Diz-se que o general torceu o nariz. Entretanto, não levou os lábios ao trombone. Quanto ao almirante, aderiu gostosamente ao golpe falhado. Ou seja: o governo forneceu dinheiro extra a oficiais que não merecem senão interrogatório.

Além dos militares, um soldado civil do centrão abrigou-se fraudulentamente na folha da quarentena. Chama-se Garigham Amarante Pinto. Era diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE. Homem de Valdemar Costa Neto, o dono do PL.

Garigham obteve salário extra sob o argumento de que havia recebido oferta de trabalho da Agrale, fabricante de ônibus usados no transporte escolar. De novo, a informação foi negada pela empresa.

A permanência de Garigham sob a marquise da quarentena durou pouco. Ele continua pendurado no bolso do contribuinte. Mas migrou para a folha da Câmara. Ganhou um cargo de assessor da liderança do PL.

Sob nova direção, a Procuradoria-Geral da República está diante de uma boa oportunidade para mostrar serviço. A quarentena fraudulenta constitui boa matéria-prima para o procurador-geral Paulo Gonet e sua equipe.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do palavrapb

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