Traficante que disparou crise no Equador ao fugir de prisão pode estar na Colômbia

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Adolfo Macías, conhecido como Fito

As autoridades da Colômbia suspeitam que o narcotraficante Adolfo Macías entrou no país após fugir de uma prisão no Equador, país no qual uma onda de violência já deixou ao menos 16 mortos em cinco dias. Fito, como o criminoso é conhecido, é chefe de uma das principais gangues equatorianas.

Em entrevista à W Radio na sexta-feira (12), o comandante das Forças Militares da Colômbia, Helder Giraldo, disse ser possível que Fito tenha atravessado a fronteira. “Há 20 fugitivos [das prisões equatorianas] para os quais estamos muito atentos”, disse o comandante militar. O poderoso narcotraficante está na lista.

A crise de segurança no Equador já dura mais de cinco anos, mas ganhou novas proporções nesta semana. A escalada começou no último domingo (7), quando a polícia entrou na Prisão Regional de Guayaquil e não encontrou Fito, líder da facção Los Choneros, em sua cela.

O governo declarou Estado de Exceção, mobilizou tropas e lançou uma ofensiva severa contra o narcotraficante, o que foi respondido de forma violenta —houve motins nas prisões, sequestro de 175 funcionários do sistema penitenciário e explosões de carros-bomba e tiroteios nas ruas.

No dia seguinte, o presidente, Daniel Noboa, declarou um conflito armado interno contra mais de 20 facções, que incluiriam cerca de 20 mil membros ao todo, segundo o governo equatoriano. De acordo com a imprensa local, as gangues operam no país em aliança com cartéis mexicanos e colombianos.

Vizinha do Equador e maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia está acompanhando a crise de perto. Para Giraldo, “existe uma alta probabilidade” de que a onda de violência no Equador “deteriore as condições de segurança na fronteira com a Colômbia”. A zona fronteiriça foi militarizada na quarta-feira (10) para evitar a passagem de criminosos.

Por muitos anos, o Equador ficou ileso à atuação de grandes organizações criminosas. O cenário mudou a partir de 2019, quando o país se tornou um elemento chave do tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa.

Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes aumentou de 6 para 46 em 2023. O conflito interno representa o ponto mais crítico da crise de segurança até agora —algo semelhante ao que ocorreu na Colômbia no século passado.

Há, porém, um ingrediente adicional em relação ao país vizinho na década de 1980. No Equador, os narcotraficantes usam as prisões como escritórios do crime, de onde gerenciam o tráfico de drogas, ordenam assassinatos, administram os lucros e lutam até a morte contra rivais pelo poder.

No meio da atual crise, Noboa anunciou a repatriação de 1.500 colombianos presos para reduzir a superlotação nas cadeias, onde há um excedente de 3.000 pessoas. No entanto, a medida não foi bem recebida pelo governo de esquerda de Gustavo Petro, para quem a iniciativa é uma “expulsão em massa” problemática.

Um vídeo gravado na prisão de Machala, no sudoeste do Equador, e cuja autenticidade foi confirmada pela polícia, aumentou os temores nesta sexta. As imagens mostram o cadáver de um preso envolto em plástico sendo lançado na rua do interior da prisão. Circulam também imagens não verificadas de maus-tratos a presos, onde eles são vistos nus, de joelhos ou sendo agredidos a chutes.

Na noite de quinta-feira (11), três reféns foram libertados das prisões de Esmeraldas, no noroeste do Equador, e Azuay, no sul.

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