Ucrânia: correspondentes analisam resistência e duração da guerra

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Vladimir Putin. Foto: Filipe Prado

A invasão russa sobre a Ucrânia vai completar uma semana na próxima quinta-feira (3) e ainda suscita muitas dúvidas. Para responder algumas questões, dois correspondentes da BBC inglesa analisaram o cenário da guerra – um em Kiev e o outro na fronteira ucraniana com a Polônia.

A principal indagação é sobre a duração e extensão do conflito e se ele irá chegar a outros países da Europa. A Lituânia, que é membro da Otan desde 2004, declarou estado de emergência. Os Estados Unidos aumentaram o número de suas tropas na Polônia, que também integra a aliança.

Apesar de os membros da Otan, como países da União Europeia e os Estados Unidos, estarem reticentes de enviar tropas à Ucrânia para evitar um conflito direto com a Rússia, eles enviam armamentos pesados. Diariamente, armas anti-aéreas, anti-tanque e fuzis são distribuídas na Ucrânia.

A intenção é evitar um confronto nuclear, o que já foi posto à mesa pelo presidente Vladimir Putin caso haja uma retaliação direta da Otan. O artigo 5 da organização prevê que “um ataque contra um aliado é considerado um ataque contra todos os aliados”.

Putin ameaçou Finlândia e Suécia caso entrem na Otan. Os países juntaram-se à reunião de emergência da organização no último fim de semana – a Suécia também enviou armamentos à resistência ucraniana, quebrando uma longa tradição de não enviar armas a países envolvidos em conflitos.

As tropas russas estão a cerca de 30 km da capital Kiev, mas já realizam combate corpo a corpo em Kharkiv, a segunda maior cidade do país. No nordeste, há conflitos em Chernihiv; no sul, a principal batalha ocorre pelo controle de Mariupol.

Como os planos de Putin ainda são um mistério, não se sabe quanto tempo irá durar a ocupação russa na Ucrânia. É certo que Moscou não esperava tamanha resistência da população ucraniana, que se defende com civis treinados de última hora e até menores de idade, como mostram vídeos que circulam na internet e redes sociais.

A dificuldade de dominar a Ucrânia começa a afetar as tropas russas: os jornalistas ingleses citam relatos de falta de combustível nos tanques e de perda de vontade do exército russo em combater uma população tão próxima culturalmente – muitos ucranianos falam russo e possuem laços culturais fortes, já que ambos integravam a União Soviética até 1991.

Além disso, o custo da guerra é altíssimo com as sanções econômicas impostas pelo Ocidente: mais de R$ 100 bilhões por dia para manter os ataques.

Também não é clara a quantidade de estrangeiros combatendo as tropas russas, apesar da convocação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy. A embaixada da Ucrânia em Israel apelou aos seus cidadãos para lutarem contra os russos, mas a postagem foi apagada do Facebook.

A manutenção da Ucrânia pelo exército russo também deve ser um grande problema: além da população civil se armar e produzir coquetéis molotov, a feroz reação ocidental, que não existe em outros conflitos pelo mundo, ameaça os planos de Putin. Ainda há o desgaste interno, com inúmeros protestos eclodindo em diversas partes da Rússia contra a guerra – e violentamente reprimidos.

Os correspondentes ingleses no conflito ainda lembram a narrativa que questiona a saúde mental de Putin devido à pandemia causada pela Covid-19.

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