Virada de ano é boa época para pedir financiamento imobiliário; entenda
Historicamente, a virada do ano traz uma desaceleração no mercado imobiliário, porque os consumidores estão focados em festividades e nas despesas do início do ano. O final de um ano e os primeiros meses do próximo podem ser o momento estratégico de pedir um financiamento imobiliário.
Embora a escolha da hora ideal para comprar a casa própria dependa da realidade pessoal e financeira de cada comprador, durante esse período, bancos e incorporadoras costumam oferecer benefícios e condições especiais e há o pagamento de rendas extras, como o 13º salário e bônus anuais, que podem ajudar na entrada do imóvel e a cobrir os custos iniciais.
É a chance ainda de fugir do período de alta demanda do segundo semestre, especialmente de junho a novembro, quando os bancos tendem a ser mais cautelosos em conceder crédito e há até o risco de faltar dinheiro.
Normalmente, as ofertas são feitas quando a obra já foi concluída ou está em sua fase final de construção. Nesse momento, construtoras e incorporadoras tentam facilitar a concretização da venda de seus estoques, abordando um dos maiores obstáculos para o fechamento do contrato: o valor de entrada. Quanto mais alto o valor pago inicialmente, mais fácil é conseguir e mais barato fica o financiamento.
“Entre janeiro e março é um período que costuma ser mais favorável [para a aprovação de um financiamento imobiliário] devido à maior disponibilidade de recursos nos bancos e campanhas promocionais. Contudo, o sucesso na aprovação depende principalmente do seu perfil financeiro, da capacidade de pagamento e do histórico de crédito do comprador”, afirma Gustavo Nascimento, gerente comercial da incorporadora Arqos.
O financiamento imobiliário é uma linha de crédito de longo prazo —até 420 meses (35 anos) para quitar. As prestações não podem ultrapassar 30% da renda mensal do consumidor. Essa limitação tenta garantir que o valor das parcelas seja compatível com a capacidade de pagamento do comprador, evitando que ele se comprometa financeiramente além do que pode arcar.
Segundo Pedro Paulo Marolla, diretor financeiro da SKR, as construtoras frequentemente estabelecem parcerias com bancos para oferecer condições de financiamento atrativas aos compradores. Essas parcerias podem incluir taxas de juros competitivas e facilidades no processo de aprovação do crédito.
Há também a inclusão no valor do financiamento do pagamento de taxas como ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e registro no cartório, bem como o uso do saldo do FGTS (fundo de garantia) para abater parte do valor do imóvel ou das parcelas.
Sérgio Paulo Amaral dos Santos, diretor comercial da MRV em São Paulo, diz que as construtoras estão sempre de olho no calendário, usando datas festivas para ajustar suas condições de pagamento e criar ofertas durante todo o ano. “Em novembro, por exemplo, as pessoas esperam ofertas Black Friday, então entramos também.”
Para sua principal estratégia de final de ano, a MRV contratou o cantor e ator Mumuzinho para viver um corretor de imóveis na atual novela das 21h da Globo, Mania de Você, e divulgar o parcelamento da entrada dos seus apartamentos em até 60 vezes.
De modo geral, as empresas costumam fazer uma ampla divulgação de suas ofertas em sites, redes sociais e anúncios na televisão. O especialista da Arqos, porém, recomenda que o comprador também estabeleça relação com um bom corretor de imóveis, pois ele dará todo o suporte técnico necessário.
Já as opções de financiamento imobiliário podem ser simuladas diretamente nos sites dos bancos e negociadas com os gerentes. O Bradesco afirma que o crédito imobiliário, diferente de outras linhas com características mais sazonais —como crédito pessoal para início do ano para o pagamento de IPVA e matrícula escolar— depende muito da necessidade momentânea do cliente.
“O momento ideal para solicitar um financiamento imobiliário deve ser alinhado às necessidades do comprador, com foco em um fluxo de pagamento compatível com a sua renda. Além disso, a aquisição de um imóvel elimina o pagamento de aluguel e possibilita o ganho de valorização ao longo do tempo”, diz Luiz França, presidente da Abrainc
Para assegurar um negócio vantajoso é preciso observar alguns fatores como a taxa de juros, considerando a Selic. Enquanto no começo do ano a expectativa era de que a taxa básica de juros encerrasse 2024 em 9% ao ano, o mercado projeta que a taxa pode ultrapassar 13% a.a. em 2025, o que deve encarecer o crédito imobiliário ao longo dos meses do próximo ano.