Vítima de ginecologista condenado por abusar sexualmente de 13 mulheres diz estar aliviada com sentença: ‘Isso não ia acabar, ele não ia parar com isso’

0

Felipe Sá Ferreira, que atuava em Maringá (PR) como ginecologista, foi condenado pela Justiça Estadual; defesa irá recorrer - Reprodução/Facebook

Uma das vítimas de Felipe Sá, médico ginecologista condenado por abusar sexualmente de 13 mulheres no consultório em que atendia em Maringá, no norte do Paraná, desabafou que se sentiu aliviada ao saber que o médico foi sentenciado a 35 anos de prisão.

“Eu sei de muitas outras [mulheres] que não denunciaram. Isso não ia acabar, ele não ia parar com isso. Acho que é tentar barrar mesmo. Não só ele, mas talvez que esse caso e a repercussão que ele teve, possa inibir que outros profissionais tenham condutas semelhantes a essa. Existe punição e, por mais que a gente não acredite muito, a Justiça aconteceu”, afirma ela, que prefere não ser identificada.

A declaração foi dada em entrevista para a RPC, afiliada da TV Globo, na manhã da terça-feira (3/9). Assista a trechos clicando aqui.

As investigações contra o ginecologista Felipe Sá começaram em janeiro de 2023. Na sexta-feira passada (30/8), ele foi condenado 13 vezes pelo crime de violação sexual mediante fraude. Relembre detalhes mais abaixo.

Em nota, a defesa do médico disse que está analisando a sentença, mas afirmou que vai recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Ele responde em liberdade.

Além da pena, Sá também perdeu a titulação de ginecologista e deverá pagar indenização para as vítimas.

Para a vítima, saber que Sá teve o registro médico suspenso e que agora não poderá mais atuar como ginecologista foi uma vitória.

“Eu e outras mulheres, o que a gente conversou sobre isso, o que a gente sempre quis é que ele perdesse o direito de exercer a Medicina. Então assim, ele vai ser preso por, sei lá, agora 35 anos, 30, um ano… não importa. A gente só queria que ele perdesse o direito de exercer a Medicina, de não fazer isso de novo”, desabafa.

O médico está solto desde dezembro do ano passado e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele responderá ao processo em liberdade até se esgotarem as chances de recurso. Para a vítima, ainda assim a sensação é de alívio.

“Penso que todas as mulheres que denunciaram ficaram com uma sensação semelhante. Alívio. Porque independentemente do tempo que saiu essa sentença para ele cumprir, ele é culpado, ele foi condenado. […] O alívio é impagável. Tudo que a gente fez… que a gente passou… teve um desfecho e esse desfecho foi justo”, desabafou.

Condenação

Na sexta-feira passada (30/8), o ginecologista Felipe Sá foi condenado 13 vezes pelo crime de violação sexual mediante fraude. A pena total é de 35 anos, um mês e nove dias de prisão e deve ser cumprida em regime fechado.

A decisão também prevê que o médico pague R$ 15 mil para cada uma das 13 vítimas dos casos pelos quais foi condenado. Somadas, as multas chegam a R$ 195 mil.

O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que o médico está com registro profissional suspenso e passa por um Processo Ético-Profissional para apurar as denúncias.

Investigações

As investigações contra o ginecologista Felipe Sá começaram em janeiro de 2023. Ele era investigado pelos crimes de violação sexual mediante fraude, importunação sexual e estupro de vulnerável.

Cinco meses depois, no dia 15 de junho, ele foi preso no escritório em que atendia em Maringá. Para a prisão, uma policial que estava grávida marcou uma consulta com o médico para garantir que ele estaria no local na hora da prisão.

Além das pacientes que atendia no escritório particular, ex-alunas que o médico teve no curso de medicina de uma universidade particular onde dava aulas também estão entre as vítimas.

Na época, o delegado responsável pelo caso, Dimitri Tostes Monteiro, afirmou que uma das vítimas foi abusada por Sá enquanto estava sob efeito de hipnose.

“Em uma das vítimas ele utilizou a hipnologia para tentar reduzir a capacidade de compreensão dela acerca daquele ato. Durante esse contexto, ele pediu para que ela se masturbasse e fizesse toques sexuais, visando obter prazer próprio”, relatou o delegado.

Ao todo, 41 mulheres suspeitas de serem vítimas do médico foram identificadas pela polícia. No inquérito policial, foram consideradas as denúncias de 38 delas.

Felipe Sá teve um pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça do Paraná em julho de 2023. Dois meses depois, a Penitenciária Estadual de Maringá alegou falta de estrutura adequada para mantê-lo preso. O médico foi transferido para o Complexo Médico Penal em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Sá permaneceu preso por seis meses. Ele foi solto em 19 de dezembro de 2023 com o uso de tornozeleira eletrônica.

Felipe Sá, médico ginecologista e obstetra preso esta semana, no Paraná, suspeito de abusar sexualmente de pacientes — Foto: Reprodução/ TV Globo
Felipe Sá, médico ginecologista e obstetra preso esta semana, no Paraná, suspeito de abusar sexualmente de pacientes — Foto: Reprodução/ TV Globo

About Author

Deixe um comentário...