Voto de Zanin sobre maconha eleva pressão sobre Lula para próxima vaga no STF

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Cristiano Zanin é advogado de Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PT

Por Clarissa Oliveira

O voto de Cristiano Zanin sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal reacendeu nos bastidores a briga pela indicação do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Parte da base petista, que andava em segundo plano nas discussões, aproveitou a oportunidade.

Alegando contrariedade com o voto de Zanin, esses setores passaram imediatamente a cobrar mais voz na definição do nome que vai substituir Rosa Weber, que se aposenta da Corte no fim de setembro.

Na sessão de ontem do STF, Zanin deu o primeiro voto contrário à descriminalização do porte da maconha para uso pessoal. O placar ficou em cinco a um, antes que o julgamento fosse interrompido, por um pedido de vista de André Mendonça.

Queixas petistas

O tema é caro à base petista, que defende historicamente a descriminalização do porte para uso pessoal como forma de reduzir o encarceramento em massa e garantir tratamento isonômico aos infratores, sem distinção raça e classe social.

As queixas do PT sobre o voto de Zanin vieram, em geral, de maneira velada e longe das redes sociais. Um ministro do governo Lula ouvido pela reportagem confidenciou que o clima nos bastidores é de insatisfação.

Outro líder petista com trânsito livre no STF lembrou que Zanin já havia votado contra a equiparação da LGBTfobia ao crime de injúria racial.

Lobby por perfil

O desempenho de Zanin acabou dando fôlego ao argumento de que a próxima indicação de Lula ao STF deve ser reservada a uma mulher, de preferência alinhada a bandeiras históricas do partido.

Mas o perfil vai contra os sinais dados pelo próprio presidente nas últimas semanas.

Interlocutores ouvidos pela reportagem afirmam que Lula vinha estudando casar a escolha do novo ministro do STF ao fortalecimento da base governista.

Cartas na mesa

Alguns nomes cotados para o STF têm perfil político e pertencem a partidos aliados, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).

O nome do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, também teria potencial de contribuir para a articulação política. Isso porque a ida dele para o STF deixaria vaga a cadeira no TCU, que poderia ser preenchida por indicação do Congresso.

Por esse desenho, a contrapartida pela indicação de um homem para o STF viria na escolha de uma mulher para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A lista quádrupla entregue recentemente a Lula para embasar a próxima indicação na Corte inclui a advogada Daniela Teixeira, que tem apoio em vários setores do governo. Daniela é a única mulher na relação de nomes apresentada ao presidente.

 

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