Weintraub critica Bolsonaro e Centrão: “hoje é com Lula, ou continua piorando”

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Abraham Weintraub. Foto: Youtube

Em áudio compartilhado nas redes sociais, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub faz fortes críticas às alianças que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez com o chamado Centrão.

Ao tratar das eleições presidenciais deste ano, Weintraub diz: “Hoje ou é com Lula, ou a gente continua piorando, porque com ele [Bolsonaro] vai continuar piorando”.

No áudio, Weintraub avalia que, ao fazer alianças com partidos do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro “transformou um sonho que a gente tinha, de mudança no país, em um pesadelo”.

“Historicamente, o segundo mandato de um presidente costuma ser pior do que o primeiro, não é no Brasil, é no mundo inteiro. Um segundo mandato do presidente Bolsonaro, mais fraco do que o atual, vai ser um horror. Então hoje, eu vejo isso, o melhor cenário é ruim, e a gente tem que se preparar para a resistência”, acrescentou na gravação.

Após a repercussão, o ex-comandante do MEC confirmou a veracidade do áudio, que foi retirado de uma sala virtual pública para conversas entre usuários do Twitter, e esclareceu que “jamais apoiaria o Lula”.

“Eu falo claramente que a melhor alternativa é a reeleição do Bolsonaro. Porém, não será bom! O segundo mandato sempre é mais fraco que o primeiro. Além disso, ele estará mais cercado pelo Centrão”, explicou o ex-ministro, posteriormente, em post nas redes.

Após ter deixado o governo, o ex-ministro tem feito críticas às alianças que o presidente fez com partidos do Centrão, principalmente após a filiação de Bolsonaro ao PL.

Atualmente, Weintraub figura como pré-candidato ao governo de São Paulo e na última pesquisa de intenções de voto realizada pelo Datafolha pontuou 1%. O ex-ministro indica que irá concorrer à eleição estadual pelo PMB.

“Destruição dos conservadores”

Em vídeo publicado nas redes sociais após a repercussão do áudio, o ex-chefe do MEC afirma que o Centrão está “tentando destruir os conservadores e criar uma cortina de fumaça”.

“Quando eu estava lá no MEC, não tinha uma linha fora do lugar, não teve uma única acusação nem suspeita […] Nesse MEC que o Centrão colocou as patas imundas, já apareceu um monte de suspeitas”, disse Weintraub.

Weintraub não citou denúncias recentes que atingiram o Ministério da Educação e fizeram a oposição colher assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.

As denúncias tratam de suspeitas que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro praticava beneficiamento indevido na destinação de verbas públicas do MEC, através da intermediação dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que cobrariam propina de prefeitos — conforme relatado por um deles à CNN.

Em depoimento à Comissão de Educação do Senado na quinta-feira (7), o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, confirmou que participou de ao menos quatro agendas com esses religiosos, mas disse que não presenciou “conversas suspeitas” em nenhuma das ocasiões.
Ponte também negou que qualquer funcionário do Fundo tenha relações com os pastores ou até mesmo com os prefeitos que teriam sido beneficiados com os repasses.

Convidados para a mesma audiência, os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de tráfico de influência, enviaram ofícios informando que não compareceriam.

Prisão de ministros do STF

O economista Abraham Weintraub assumiu o MEC logo após a demissão de Ricardo Vélez Rodríguez, em 9 de abril de 2019, e permaneceu no cargo por pouco mais de um ano. Weintraub acumulou uma série de desgastes com outras autoridades, principalmente com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em reunião ministerial no dia 22 de abril de 2020, que foi gravada e teve seu conteúdo divulgado por decisão do STF, o então ministro da Educação sugeriu a prisão dos integrantes da Corte.

“Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse na ocasião.

Por conta da declaração, Weintraub foi incluído como parte do inquérito que apura ameaças e fake news contra o STF.

O ex-ministro ainda foi alvo de uma outra investigação, dessa vez a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto crime de racismo.

Na ocasião, diante dos primeiros meses da pandemia da Covid-19, ele fez uma publicação trocando a letra “R” por “L”, fazendo referência a uma imitação preconceituosa do sotaque chinês, e afirmou que a China obteria ganhos políticos com um “plano infalível” para dominar o mundo se aproveitando da crise derivada do coronavírus.

Após repercussão negativa, o ministro apagou o texto. A embaixada da China, no entanto, afirmou que as postagens possuíam “cunho fortemente racista”.

Identificado com a chamada ala ideológica do governo Bolsonaro, Weintraub ainda foi protagonista de polêmicas envolvendo falhas na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), contingenciamento de verbas para a educação, críticas incisivas contra a “balbúrdia” em universidades federais e participação em atos da militância bolsonarista.

O ex-ministro deixou o cargo após pedir demissão em junho de 2020, alegando ter recebido um convite para ocupar um cargo de direção no Banco Mundial. Atualmente, Weintraub visa disputar a eleição estadual pelo governo de São Paulo e passou a fazer críticas ao governo Bolsonaro.

 

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