Brito e Elmar desistem de candidatura à presidência da Câmara e consolidam hegemonia de Hugo Motta

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O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o líder do partido na Câmara, Antonio Brito, ao centro, participam de reunião da bancada do partido - Victoria Azevedo/Folhapress

O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Antonio Brito (BA), e o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), anunciaram na quarta-feira (13) que desistiram de suas candidaturas à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Casa. Os dois partidos também oficializaram o apoio ao nome de Hugo Motta (Republicanos-PB).

O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e Brito tinham selado uma aliança na disputa para fazer frente ao nome de Hugo. O movimento desta quarta consolida a hegemonia do deputado no páreo e praticamente enterra a possibilidade de outra candidatura competitiva.

Após a desistência de Elmar, o União Brasil oficializou apoio ao nome de Hugo numa reunião com participação do candidato, de deputados do partido e do presidente do União Brasil, Antonio Rueda.

No encontro, Elmar disse que é justo partidos pleitearem candidaturas, mas afirmou que quando “alguém constrói uma eleição de convergência, que busca unificar toda a Casa, o que podemos fazer de melhor é contribuir com sugestões”.

Elmar disse que Hugo contará com o apoio irrestrito de toda a bancada do União Brasil e que ele é “capacitado” e um “sujeito absolutamente correto” que está pronto para exercer a presidência da Câmara.

Rueda afirmou ser uma “frustração dentro do coração de todos nós” a retirada da candidatura de Elmar, mas que isso mostra “um movimento de grandeza” do líder do União Brasil.

Mais cedo, foi a vez da bancada do PSD anunciar apoio ao líder do Republicanos em uma reunião que teve participação do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab.

“Foi uma posição majoritária da bancada, muitos concordaram, outros não. Estamos juntos numa só decisão. A candidatura do PSD capitaneada por mim está retirada e declaramos apoio à candidatura do Hugo Motta”, disse Brito.

Kassab afirmou após o encontro que é preciso “olhar para frente, pensar no Brasil e num país cada vez melhor”.

Mais cedo na quarta (13), Brito e Kassab se reuniram com Hugo e o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ). Na segunda (11), Kassab esteve com Lira, em São Paulo.

No início da reunião, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) brincou com a participação de Kassab na sala, em referência à influência política do dirigente. “Deus os criou e Kassab os uniu”, disse.

Na semana passada, Brito sinalizou que poderia deixar a disputa. Após reunião com os deputados do PSD, ele foi reconduzido líder do partido e disse que seguia candidato, mas que abriria diálogo com Hugo e Lira para tratar da “proporcionalidade” do partido nos espaços da Câmara.

Hoje, o PSD ocupa a 3ª Secretaria da Casa, a primeira suplência e a presidência da Corregedoria e da Ouvidoria, além de ter o comando de duas comissões: Minas e Energia e Turismo.

Nos bastidores, parlamentares da sigla dizem que, caso houvesse uma sinalização da manutenção desses espaços, além da relatoria da CMO (Comissão Mista de Orçamento) do próximo ano, o partido poderia desistir da candidatura de Brito. Isso porque, na reeleição de Lira, foi estabelecido um rodízio entre quatro partidos relacionados à CMO e à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

A 3ª Secretaria, no entanto, foi prometida ao Podemos, que já anunciou apoio a Hugo. Também há um nó a ser desatado com a CMO. Isso porque sua relatoria em 2025 foi prometida por Hugo ao MDB —e o partido não pretende abrir mão desse espaço para contemplar o PSD. O União Brasil também pleiteia essa vaga.

Há uma avaliação entre aliados de Hugo de que o parlamentar não pode abrir mão de espaços já negociados com outras siglas para acomodar União Brasil e PSD, já que os dois partidos tinham candidaturas próprias e resistiram a endossar o líder do Republicanos.

Na quarta (13), no entanto, Brito disse que esses espaços serão mantidos. “Está tudo mantido. É um direito da bancada, não pedimos nada a mais do que a bancada teria na Casa.”

Ele também anunciou que será conduzido líder do bloco MDB, PSD, Podemos e Republicanos até fevereiro.

Um líder a par das negociações disse ao jornal Folha, sob reserva, que o acordo firmado para que o PSD apoiasse Hugo prevê que o partido fique com a 4ª Secretaria, a Corregedoria, as duas comissões que a sigla já preside e a presidência da CMO em 2026.

Até momentos antes da reunião, a bancada do PSD estava dividida: de um lado, deputados defendiam a manutenção da candidatura para marcar uma posição. De outro, parlamentares tinham receio de o partido ficar alijado e perder os espaços na Câmara.

Apesar disso, há um sentimento na bancada de insatisfação com o governo Lula e o PT por causa do apoio do partido à candidatura de Hugo. Deputados dizem que o PSD vota em peso nas matérias de interesse do Executivo e que Brito, entre os postulantes à presidência da Casa, era o considerado o mais governista.

Eles afirmam que a bancada merece um reconhecimento do Executivo e citam até mesmo o desejo de um novo ministério para ser comandado por um representante do grupo.

Apesar de a candidatura de Hugo estar consolidada, aliados do líder do Republicanos avaliavam ser necessário tirar Brito da disputa para evitar qualquer reviravolta no pleito, ainda que considerassem essa possibilidade remota.

Além disso, integrantes do centrão não negam insatisfação com Kassab, principalmente após o resultado das eleições municipais. Desde o começo, alertam que Brito na presidência da Casa daria poder demasiado ao presidente da sigla.

 

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