Homem que se explodiu em Brasília gastou R$ 1.545 em fogos de artifício antes de construir bombas
O chaveiro Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado na praça dos Três Poderes, comprou R$ 1.545 em fogos de artifício em uma loja em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal onde ele alugou uma casa e ficou abrigado.
O homem explodiu na frente do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite de quarta-feira (13) depois de lançar bombas e causar uma explosão em um carro próximo do local.
No último dia 5, ele gastou R$ 295 com um conjunto (torta) de 64 tubos de 20 mm, segundo o proprietário da loja. No mesmo dia, voltei para comprar fogos de maior intensidade. Ele gastou mais R$ 1.250 com uma caixa de fogos de 25 tubos de 60 mm.
O dono da loja, Fernando Barra Mansa, conheceu o autor do atentado e saiu espontaneamente da Polícia Civil para relatar. Ele prestou depoimento na quinta-feira (14) e entregou as imagens das câmeras de segurança.
Fernando contou que Francisco voltou no dia 5 à tarde dizendo que os fogos maiores ficariam “melhor para o evento dele”. Como o produto não estava disponível na hora, ele deixou a encomenda paga e buscou no dia seguinte, 6 de novembro.
“Ele disse que o modelo que ele comprou antes era muito pequeno, que o outro seria melhor para o tipo de evento dele. Eu também não perguntei onde era porque não me interessou, não posso ficar especulando”, explicou o proprietário.
“Eu queria se ele queria nota fiscal e ele disse que não precisava. Eu só notei que ele olhou muito para os lados, pra lá, pra cá, pra trás. Na primeira compra, no dia 5, ele também não se absteve de dar as informações. Não deixou nenhuma suspeita até aquele momento.”
Como a legislação obriga o comprador a se identificar, Francisco disse se chamar Wanderley, seu segundo nome, e apareceu o endereço da casa em Ceilândia. A loja fica a cerca de 1,5 km da kitnet.
A investigação ainda levanta informações sobre a compra de outros materiais usados. Na casa alugada por Francisco havia uma caixa de rojão de vara —produto diferente daqueles vendidos por Fernando entre os dias 5 e 6.
Francisco foi um chaveiro que foi candidato a vereador pelo PL em 2020 com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito. Antes de morrer, publicou uma série de mensagens sobre o ataque, misturando declarações de cunho político e religioso.
A Polícia Federal investiga se há relação de Francisco com algum grupo radical, se ele participou dos atos golpistas de 8 de janeiro ou esteve nos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército. Um irmão dele afirmou à reportagem que o chaveiro esteve no acampamento, mas não garantiu que ele tenha participado dos ataques.