Zuckerberg diz que empresas precisam de ‘mais energia masculina’ e critica Biden

Mark Zuckerberg
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, lamentou o surgimento de empresas “culturalmente neutras” que buscaram se distanciar da “energia masculina”, acrescentando que é bom se uma cultura “celebra um pouco mais a agressividade”.
“Energia masculina, eu acho que é boa, e obviamente a sociedade tem bastante disso, mas acho que a cultura corporativa estava realmente tentando se afastar disso”, afirmou o executivo da companhia que é dona do Facebook, WhatsApp e Instagram em uma conversa de quase três horas com o podcaster Joe Rogan, publicada na sexta-feira (10).
“É como se você quisesse energia feminina, você quisesse energia masculina”, disse Zuckerberg durante o episódio de The Joe Rogan Experience, um dos mais famosos dos EUA e apresentado por um apoiador de Donald Trump. “Acho que tudo isso é bom. Mas acho que a cultura corporativa meio que se inclinou para ser essa coisa um pouco mais neutra”, acrescentou, antes de discutir suas paixões por MMA e caça a porcos invasores no Havaí.
Zuckerberg, que começou sua carreira avaliando a atratividade de mulheres na Universidade de Harvard, acrescentou que cresceu com três irmãs e tem três filhas, e quer que as mulheres tenham sucesso nas corporações.
Se você é uma mulher entrando em uma empresa, provavelmente sente que é muito masculina. Não há energia suficiente que você possa naturalmente ter —- Mark Zuckerberg, CEO da Meta em entrevista ao podcast de Joe Rogan.
“Você quer que as mulheres possam ter sucesso e que as empresas possam desbloquear todo o valor de ter grandes pessoas, independentemente de sua origem ou gênero”, completou o CEO da Meta.
O episódio do podcast foi lançado poucos dias depois que a Meta afrouxou suas políticas de moderação de conteúdo para Instagram e Facebook, permitindo que usuários possam criticar imigrantes, pessoas transgênero e não-binárias, ou fazer declarações excludentes com base no sexo ou gênero de alguém sem interferências de moderação da Meta.
Na terça-feira (7), a big tech também anunciou o fim da checagem de fatos por terceiros nos EUA, e na sexta-feira (10), a empresa disse que estava interrompendo muitos de seus esforços internos de treinamento e contratação voltados para tornar sua força de trabalho mais diversa.
O episódio de sexta-feira (1o) marcou a segunda aparição de Zuckerberg no The Joe Rogan Experience. Rogan, considerado o podcaster mais popular do mundo, com 19 milhões de assinantes no YouTube do Google e mais de 15 milhões no Spotify.
Na entrevista, Zuckerberg expressou desconforto em se envolver com a imprensa tradicional, acrescentando que os podcasts estão ajudando a alimentar uma “mudança radical em termos de quem são as vozes que importam”.
O presidente eleito Donald Trump participou do podcast de Rogan à medida que o dia da eleição se aproximava no ano passado, alimentando o que veio a ser chamado de “eleição do podcast”, à medida que as campanhas recorriam a eles em vez da mídia tradicional para divulgar suas mensagens.
Zuckerberg tem reposicionado sua empresa para ser mais amigável a Trump nos últimos meses, e jantou com o presidente eleito em Mar-a-Lago, o clube de Trump na Flórida. Zuckerberg também planeja comparecer à posse de Trump.
ZUCKERBERG DIZ QUE BIDEN ULTRAPASSOU LIMITES
Desde a eleição nos EUA, Zuckerberg tem procurado se alinhar com a administração que está por vir —elogiando Trump publicamente, doando para seu fundo inaugural, nomeando um apoiador chave para o conselho da Meta e, mais recentemente, mudando as políticas de conteúdo de suas plataformas.
O CEO da empresa de tecnologia criticou a administração Biden durante a entrevista com Rogan, afirmando que funcionários da Casa Branca “gritaram” e “xingaram” funcionários da Meta durante discussões sobre como moderar conteúdo relacionado à Covid-19 na pandemia.
“Foi brutal”, disse Zuckerberg, acrescentando que a administração ultrapassou os limites em seus pedidos para remover postagens sobre a pandemia, incluindo sátiras, semeando desconfiança entre o eleitorado. Ele já havia escrito sobre essas queixas em uma carta ao Congresso em agosto.
“O governo dos EUA deveria estar defendendo suas empresas, não estar na linha de frente atacando suas empresas”, disse Zuckerberg. Em contraste, o fundador do Facebook disse que está “otimista” sobre o retorno de Trump à Casa Branca. “Acho que ele só quer que a América vença”, afirmou.
Na sexta-feira (10), o presidente Joe Biden, em uma rara coletiva de imprensa na Casa Branca após as eleições, expressou descontentamento com a decisão da Meta.
“É completamente contrário a tudo que os EUA representam. Queremos dizer a verdade. Nem sempre fizemos isso como nação. Queremos dizer a verdade”, disse o presidente. “E você sabe, quando você tem milhões de pessoas lendo, indo online, lendo essas coisas (a decisão da Meta sobre o fim da checagem), é —de qualquer forma, acho que é realmente vergonhoso”, comentou.