A ‘confra’ de fim de ano de Lula com ministros do STF

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Alexandre de Moraes e Lula. Foto: Igo Estrela

Por Camila Bomfim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o clima de confraternização do fim de ano e também marcou um evento do governo com o Supremo Tribunal Federal.

O jantar deve acontecer na próxima terça-feira (19) na casa do presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso. Todos os ministros da Corte foram convidados. E há muitos sinais e gestos nesse convite.

O primeiro é o simbolismo da união entre os poderes após o episódio em que o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), ajudou a aprovar a proposta que limita decisões individuais de ministros do Supremo.

Abriu-se ali uma crise, agora já contornada com as indicações e aprovações de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República e Flávio Dino para o Supremo. O jantar deve sedimentar a relação pacificada, já que as duas indicações foram “patrocinadas” por ministros do STF .

Temas institucionais na pauta

Para além do gesto, há o pragmatismo. O governo está de olho em pautas relevantes na Suprema Corte como a limitação de indicações de políticos em estatais e o reajuste do FGTS.

Da mesma forma, o STF monitora assuntos internos que estão sendo tratados em outras esferas – além da PEC que limita as decisões monocráticas, há o retorno do debate sobre a definição de mandatos fixos para os ministros da Corte, por exemplo.

Barroso vinha dizendo a interlocutores que mantém a posição que expôs na sabatina dele há 10 anos, quando defendeu a ideia de um mandato de 12 anos para ministros do Supremo, a exemplo da regra adotada em Supremas Cortes europeias.

O presidente do STF tem dito que, apesar de ter defendido a ideia no passado, a tese não prevaleceu. E que pior que não chegar ao modelo ideal é ter um modelo que nunca se consolida.

Em outras palavras, Barroso já demonstrou que é contra a proposta em debate no Senado porque mudar de tempos em tempos significa interferir no modelo por conveniência política – ou por questões que não passam pelo interesse público e pelo respeito às instituições.

Essa visão de Barroso era voltada à votação às pressas em 2023, o que não ocorreu.

Agora, ministros e governo podem conversar sobre a pauta para entender como a base deve votar – e se é possível chegar a um texto que não seja lido como interferência entre poderes.

Aproximação entre poderes

Integrantes do STF dizem, internamente, que têm percebido um movimento de Lula no sentido de se aproximar da Corte. O presidente tem procurado todos os ministros para conversar, e não só uma ala específica ou suas próprias indicações, por exemplo.

O convite para a confraternização, enviado a todo o plenário, é demonstração disso. Segundo interlocutores, o voto de Jaques Wagner a favor da PEC que limita o poder individual dos ministros “foi ruim, mas foi bom”.

O voto teria sido ruim, a princípio, por ter mostrado um distanciamento entre o Planalto e o Supremo. E bom, posteriormente, porque essa “revelação” do quadro levou Lula a mudar de rota e se aproximar.

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