Articulações políticas de Lula podem gerar impactos na Paraíba

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Lula. Foto: Ricardo Stuckert/ PT

Por Josival Pereira

Declarações de políticos e o noticiário da imprensa levam a crer que o presidente Lula se encontra esta semana em Brasília empenhado apenas em conseguir apoios para a aprovação da PEC da Transição, que garante recursos para o programa Bolsa Família, no valor de R$600,00, com mais R$150,00 por filhos até 6 anos, fora do teto de gastos, um ferrolho criado para barrar excesso de gastos públicos.

A PEC da Transição é muito importante, mas não é a principal preocupação de Lula nem o objeto primeiro de suas articulações em Brasília. O problema de Lula e do futuro governo é o Congresso ou a falta de uma base de apoio majoritária e segura na Câmara dos Deputados e no Senado, e é por esse motivo que o novo presidente se encontra na Capital Federal.

Destaque-se, na perspectiva das possíveis dificuldades do próximo governo, que o PL se articula para lançar a candidatura do senador eleito, Rogério Marinho, à presidência do Senado e não se tenha dúvidas que, se aquela Casa for comandada pela oposição, Lula viverá entraves severos no governo.

Por essas e outras é que a principal movimentação de Lula no momento é totalmente voltada a tentar montar uma base no Congresso que garanta a governabilidade sem grande dependência do Centrão.

E isso seria possível?

Há uma possibilidade na qual o presidente Lula está apostando todas suas fichas de “encantador”, como diria Ciro Gomes. É atrair  três partidos que não o apoiaram na campanha para o governo: MDB, PSD e o União Brasil.

O MDB estaria se fazendo de rogado e pedindo três ministérios, segundo a imprensa. Lula estaria oferecendo um ministério e outros postos importantes. Levando-se em consideração que o MDB participou de todos os governos desde a redemocratização, o mais provável é que acabe fechando acordo com Lula.

O presidente também deverá conseguir o apoio do PSD, uma vez que o presidente da legenda, Gilberto Kassab, é extremamente pragmático e não tem maiores ligações com o bolsonarismo.

O problema reside na engenharia para atrair  o União Brasil, que tem uma banda muito ligado ao ex-presidente Bolsonaro. Verdade é que o presidente do partido, deputado Luciano Bivar, corteja essa aliança com Lula desde às últimas semanas do primeiro turno. É possível que Lula ponha o União Brasil no governo, mas não conte com o apoio da inteira bancada da legenda.

Existem ranços difíceis de serem superados. É o caso da Paraíba, por exemplo, onde o senador eleito, Efraim Morais, teria muitas dificuldades de convivência com os aliados de Lula. Mas talvez  seja por aí que o deputado Julian Lemos esteja sonhando em participar do novo governo.

Observe-se que não existe movimentação de Lula na direção da possível formalização de convite aos Republicanos do deputado Hugo Motta para o governo. É que o partido, além de ter participado oficialmente da coligação de Bolsonaro, mantém fortes vínculos com o bolsonarismo, especialmente a partir do governo de São Paulo (o governador eleito, Tarcisio Freitas, é do Republicanos).

Perceba-se, então, que, em grande medida, as articulações do presidente Lula poderão impactar na política da Paraíba, não apenas agora, mas no futuro, podendo mexer com o senador Efraim Filho e o deputado Hugo Motta, um se aproximando e o outro se distanciando do PT e legendas associadas.

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