Bolsonaro descarta filhos para Presidência e diz ao NYT sobre 2022: ‘Esqueça, perdemos’

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Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao jornal The New York Times divulgada na quinta-feira (16) que apoiaria algum dos filhos para concorrer ao Congresso Nacional, mas não à Presidência.

“Para você ser presidente aqui [no Brasil] e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência”, afirmou o ex-mandatário ao jornal.

Ele tem dois filhos sobre os quais já se especulou a possibilidade de tentarem a Presidência: Flávio, senador pelo PL no Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal de São Paulo pelo mesmo partido.

Eduardo já chegou a se colocar como um possível plano B caso a inelegibilidade do pai não fosse revertida.

Bolsonaro está impedido de concorrer até 2030 em razão de duas decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relacionadas a ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro.

Ele também foi indiciado, em novembro passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.

Em entrevista também nesta quinta ao canal no YouTube da revista Oeste, Bolsonaro falou dos planos que tem para a família nas eleições gerais de 2026. De acordo com ele, a esposa Michelle Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo disputam vagas no Senado. Para a Câmara, devem sair Carlos e Jair Renan. Assim, cinco integrantes da família pretendem disputar cadeiras no Congresso Nacional.

O ex-presidente também repetiu na entrevista que chegou a avaliar um decreto de estado de sítio em 2022 porque acreditou que a eleição, vencida por Lula (PT), havia sido roubada.

Mas disse que voltou atrás após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes rejeitar o pedido do PL para invalidar votos nas eleições e sua equipe entender que o Congresso também teria que aprovar o estado de sítio. ” ‘Esqueça’, ele disse. ‘Nós perdemos'”, relata o jornal.

Bolsonaro também voltou a dizer na entrevista que não sabia do plano descoberto pela Polícia Federal para matar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes, de modo a impedir a posse do petista.

“Quem quer que seja que tenha elaborado este possível plano deve responder”, disse. “Por minha parte, não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades.”

O ex-presidente também diminuiu a importância das acusações, afirmando que o plano era “inviável” e “impossível”.

Disse ainda que não se preocupa em ser julgado, mas com quem o julgará, em referência a Moraes.

Além do caso da trama golpista, Bolsonaro já foi indiciado em outras duas frentes de investigação: por joias recebidas da Arábia Saudita e pelo caso da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

O ex-presidente afirmou se sentir vigiado “o tempo todo” e disse que “o sistema não me quer preso, me quer eliminado”.

Sobre a inelegibilidade declarada em caso envolvendo a reunião com diplomatas estrangeiros, quando destilou ataques infundados sobre a Justiça Eleitoral, Bolsonaro disse ao jornal que a decisão é uma “violação à democracia” e que busca formas de se apresentar nas eleições do ano que vem.

Segundo o jornal, ele também afirmou que dois magistrados nomeados por ele para compor o STF —André Mendonça e Kassio Nunes Marques— disseram a ele que sua inelegibilidade é “absurda”. Mendonça e Kassio vão compor o TSE antes das próximas eleições presidenciais.

Posse de Trump

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou estar orgulhoso com o convite de Donald Trump para que ele acompanhe a posse nos Estados Unidos, programada para ocorrer na próxima segunda-feira (20).

“Me sinto como uma criança outra vez com o convite de Trump. Estou entusiasmado. Já nem tomo viagra mais”, disse, em referência ao medicamento para disfunção erétil.

Na quinta-feira (16), Moraes negou o pedido de Bolsonaro para ir à posse.

O passaporte do ex-presidente está retido em decorrência das investigações das quais ele é alvo, incluindo a que trata da suspeita de envolvimento na trama golpista.

Na reportagem do New York Times, Bolsonaro e Trump são chamados de doppelgängers —termo de origem alemã utilizado para se referir a pessoas idênticas— políticos em razão de suas trajetórias marcadas por perdas de eleições acompanhadas de acusações de fraude.

Bolsonaro também afirmou ao jornal entender que “as redes sociais definem as eleições” e que Trump, Elon Musk e Mark Zuckerberg lideram um movimento a favor da liberdade de expressão que, ele espera, pode impactar a política no Brasil.

A explicação de como Trump e os magnatas da tecnologia poderiam ajudá-lo em seus desafios jurídicos, entretanto, foi entendida pela reportagem do New York Times como “vaga”. O ex-presidente disse que “não vai tentar dar conselhos a Trump”, mas que “espera que sua política realmente repercuta no Brasil”.

 

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