Brasil tem 2° maior juro real do mundo, atrás só da Turquia; veja ranking

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Foto: Reprodução

Depois da decisão do Banco Central em aumentar 1 ponto percentual a taxa Selic na semana passada, que é o indicador básico dos juros do Brasil, o país saltou para a segunda colocação no ranking de países com as maiores taxas de juros reais (sem contar a inflação) do mundo. O levantamento foi feito pela gestora de recursos Infinity Asset Management em parceria com o portal MoneYou.

Com a Selic a 6,25%, o Brasil tem taxa real de 3,34% projetados para os próximos 12 meses, atrás apenas da Turquia (4,96%). Taxa de juro real, segundo o economista-chefe da agência, Jason Vieira, é aquela em que é descontada a inflação do período analisado. Porém, não é simplesmente fazer a conta de subtração entre o juro e a inflação, mas sim um cálculo matemático complexo, chamado de Fórmula de Fischer, que determina quanto seu dinheiro pode valer no período.

Para ajudar a explicar, Vieira exemplifica o que é o juro real com o reajuste salarial. Se você teve aumento de 2%, mas a inflação está em 4%, “seu aumento foi levado embora junto com parte do que você já ganhava antes, porque os custos subiram”, afirma.

“Os bancos centrais fazem projeções na inflação futura de geralmente 12 meses. Não é recomendado fazer por ano fechado, pois nunca se sabe o que pode acontecer”, afirma.

Sobre os dados medidos no último levantamento, divulgado no final de setembro, algo chamou a atenção: desde 2003 a taxa básica não subia tanto, em tão pouco tempo. Em março deste ano, a Selic estava em 2%, menor valor histórico, e foi subindo gradativamente até chegar a 6,25%.

Reagindo à escalada da inflação no Brasil, o atual ciclo de aperto monetário começou em março deste ano, quando a Selic saiu da mínima histórica de 2% ao ano para 2,75%, até chegar aos 6,25% nesta quarta-feira.

O ranking da Infinity mostra ainda que, entre 168 países, 83% mantiveram os juros, enquanto 14,3% subiram as taxas, e apenas 3% cortaram os valores.

Veja abaixo o ranking dos 10 países com a maior taxa de juro real. Para alguns países, o juro real é negativo.

  1. Turquia 4,96%
  2. Brasil 3,34%
  3. Rússia 1,87%
  4. Indonésia 1,65%
  5. China 1,03%
  6. México 0,10%
  7. Japão 0,09%
  8. Colômbia -0,05%
  9. África do Sul -0,30%
  10. Malásia -0,52%

Ruim para o consumir, nem tanto para o investidor

Jason Vieira afirma que, apesar de o consumidor ser o principal afetado pela subida da taxa básica de juros, a inflação e o juro real, os investidores estão otimistas com os números.

É porque, segundo o economista-chefe, quanto maior o juro real, maior será a recompensa que o investidor vai ter se colocar dinheiro aqui.

“Ainda que a ausência de reformas na economia em geral e os problemas fiscais que o Brasil tem tenham afastado um pouco esses investimentos, já observamos um grande fluxo de dinheiro internacional entrando no país. Isso faz com que o Brasil trilhe o caminho de se tornar um país em que ‘compensa’ investir”, explica.

Vieira acredita ainda que a taxa de juro real vai seguir uma tendência de alta até o fim do ano, elevada, em grande parte, pela inflação.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que os preços no Brasil no mês de agosto (última medição) subiram 0,87%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta chega a 9,68%.

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