Brasileira ferida com filhos no Líbano foge para região de montanhas depois de ataque de Israel
A brasileira Fátima Boustani, que ficou ferida após a casa em que estava ser atingida por um ataque no Líbano em junho, teve de fugir com a família após Israel aumentar os bombardeios contra o país nas últimas semanas.
Nascida no Líbano, Fátima estava morando com os pais e os irmãos em Saddikine, cidade perto da fronteira com Israel.
“Eles tiveram de deixar a cidade às pressas por causa do aumento dos bombardeiros e foram para Chehime, numa região montanhosa”, diz o comerciante Hussein Ali Al Bostani, irmão de Fátima, que mora no Brasil há seis anos.
A viagem, que normalmente leva uma hora, durou 14 horas, segundo ele, por causa das estradas congestionadas de pessoas fugindo dos ataques.
Hussein conta que perdeu um primo em um bombardeio. Ali Hassan Balhas, diz ele, estava em uma casa em Saddikine atingida por bombas.
“Está sendo muito difícil acompanhar toda a situação do Brasil. Na semana passada, fiquei dois dias sem conseguir contato com eles pelo celular. Não conseguia trabalhar, não conseguia dormir, não conseguia fazer nada”, afirma.
“Agora, a situação está mais tranquila, mas eles dizem que ainda escutam às vezes aviões israelenses sobrevoando a região”, relata. A família está hospedada na casa de amigos.
Além de Fátima, dois filhos dela foram atingidos no bombardeio de junho. Segundo Hussein, os quatro sobrinhos, filhos da irmã, estão agora com o pai, e a família materna não tem contato com eles. “Falamos com uma pessoa que disse que eles estão em um lugar seguro, mas não temos contato. Pelas leis do Líbano, as crianças ficam com o pai.”
A brasileira disse ter sido agredida pelo então marido, Ahmad Aidibi, pai das crianças. Ele negou.
Hussein afirmou que a irmã está se recuperando bem. “Ela só estava fazendo um tratamento na mão, que ficou com sequela do ataque.”
O clima, de acordo com ele, segue tenso na região, sem perspectivas de quando eles poderão voltar para as suas casas. “Os ataques de Israel em Gaza já vão completar um ano. Não sabemos o que vai acontecer”, afirma Hussein.
De acordo com estimativas das autoridades locais, cerca de 1 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas no Líbano por causa da guerra. A cifra equivale a quase 20% da população do país.
Nas últimas semanas, Israel intensificou sua ofensiva contra o Hezbollah e lançou os maiores ataques aéreos contra o Líbano desde a guerra de 2006, matando mais de 600 pessoas.
O grupo islâmico, por sua vez, disparou centenas de mísseis contra alvos no país vizinho, incluindo Tel Aviv, mas o sistema de defesa aérea israelense garantiu que os danos fossem limitados.