Campos Neto evita duelo e aposta em Congresso para manter independência

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, posa para foto, na sala do COPOM na sede do Banco Central, em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Por Caio Junqueira

Interlocutores do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disseram à reportagem que ele não deverá entrar em confronto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tampouco permitir que a crescente pressão política contra ele influencie as decisões do banco.

Sua ideia é manter o que considera como missão de estruturar a independência do Banco Central, principalmente mantendo a institucionalidade do órgão que na avaliação de seus aliados está tentando ser rompida por Lula.

A avaliação de seus aliados em Brasília é de que Campos Neto não tem condições de impor sua vontade na decisão sobre os juros do país e que as decisões do banco são baseadas em ciência econômica, não em política.

E que se houver interesse do governo em alterar nomes do banco, isso deve ser feito pela institucionalidade: a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que tem que aprovar os diretores do BC.

Duas vagas serão abertas neste mês, mas a avaliação de seus interlocutores é de que o Congresso, que aprovou a autonomia do BC, dificilmente fará movimentos para revertê-la.

O colegiado deverá ser comandado pelo PSD de Gilberto Kassab, dirigente que Campos Neto é próximo. Além disso, durante a tramitação da PEC Campos Neto se aproximou de deputados e senadores, em especial dos presidentes reeleitos das duas casas, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira. Ambos não só concordaram com a tese da independência do BC, como a aprovaram a toque de caixa contra os interesses do PT, hoje principal partido do governo.

Para interlocutores de Campos Neto, o governo tenta com as críticas quase que diárias encontrar um responsável por entregas na economia que dificilmente conseguirá fazer.

O foco  nesse sentido deveria ser apresentar logo o plano para a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, e não responsabilizar o cenário econômico atual como algo  decorrente da política de juros do BC.

Haveria ainda um erro de operação— uma vez que qualquer mudança no BC desejada pelo atual governo poderia ser encaminhada via PEC ao Congresso— e um erro de diagnóstico— tendo em vista que a inflação é um problema mundial.

Ademais, o processo de aumento ocorreu durante o governo Bolsonaro, o que anularia as críticas de partidarismo que Lula e petistas vem fazendo.

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