Chef francês defende visto para imigrantes em situação irregular que trabalham em restaurantes

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O chef de cozinha francês Thierry Marx, em foto de 22 de julho de 2020 — Foto: Ludovic Marin/AP

Por RFI

O chef francês Thierry Marx, um dos mais renomados do país e presidente do principal sindicato de hotéis e restaurantes do país, pediu ao governo francês, no domingo (4), a regularização dos assalariados estrangeiros que trabalham no setor e são “reconhecidos por sua competência”.

Thierry Marx é um ícone da gastronomia francesa e conhecido pelo seu engajamento em causas sociais. Ele falou sobre a proposta em uma entrevista ao “Jornal do Domingo”, publicação que circula apenas nos finais de semana.

“Temos 200 mil vagas abertas no setor e não podemos contratar estrangeiros. A situação é a mesma na hotelaria”, lembrou Thierry Marx.

Os dois setores enfrentam dificuldades de recrutamento desde a pandemia, e a demanda deve crescer, segundo o chef francês. “Quando você não acha confeiteiros ou cozinheiros na França, o único jeito é procurar fora do país”, ressalta.

“Por isso, pedimos a rápida regularização de nossos assalariados estrangeiros reconhecidos pela sua competência, e que, de um dia para o outro, acabam em situação irregular”, disse o chef francês.

‘Modelo de integração francesa falhou’

O ministro francês da Indústria, Roland Lescure, elogiou a iniciativa do chef francês. “Parabéns pela coragem de trazer à tona uma situação real, que muitas vezes as pessoas têm dificuldade em reconhecer”, declarou.

“O modelo de integração francês falhou”, completou, em uma entrevista ao programa “Questões Políticas”, da emissora francesa France Inter. “Essa regularização de trabalhadores que atuam em setores de alta demanda é de interesse econômico e social”, reiterou.

O governo francês apresentou, há cerca de um mês, o novo projeto de lei sobre a Imigração, mas ele deve ser analisado pelos deputados franceses apenas em 2023. Uma das medidas prevê a criação de um visto para profissões com falta de mão de obra.

Na entrevista, Thierry Marx também denunciou “a lentidão administrativa” e a suspensão dos vistos sem justificativa. “A criação de um visto para essas profissões facilitaria a burocracia e traria mais segurança para as empresas”, acrescentou, mencionando outros setores, como o da construção.

“Misturar problemas de segurança com a questão da integração das pessoas que não cometeram infrações e são uma verdadeira força para as empresas não me parece a melhor solução. É como na cozinha: misturar tudo nem sempre dá bom resultado”.

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