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Primeiro, compramos um aparelho. Nos anos seguintes, o fabricante lança atualizações de software ocasionais que corrigem bugs e nos protegem de vulnerabilidades. Um dia, essas atualizações param de chegar. De acordo com a sabedoria convencional, essa é a hora de comprar um novo dispositivo. Mas e se não for?

Nossos dispositivos ficam desatualizados, mas existem soluções alternativas para mantê-los funcionando e seguros, mesmo depois do prazo determinado pelos fabricantes. (Glenn Harvey/The New York Times)

A verdade é que as trocas não precisam ser tão automáticas. Muitas vezes podemos atrasá-las se adotarmos algumas práticas de segurança e assumirmos o controle de nossos aparelhos tecnológicos pessoais. Afinal, é irrealista que todos sigam o cronograma de uma empresa de tecnologia – alguns dispositivos, incluindo celulares Android caros, deixam de receber atualizações de software depois de apenas dois anos. Nem todo mundo tem tempo ou dinheiro para comprar novos produtos com tamanha regularidade.

Ao mesmo tempo, não queremos manter nossos aparelhos por muito tempo, a ponto de deixá-los vulneráveis a bugs, ataques cibernéticos e outras falhas. As atualizações de software são normalmente necessárias por essas razões. Todos precisam ser capazes de usar a tecnologia com segurança para viver e trabalhar, de acordo com Hilary Shohoney, diretora executiva da Free Geek, organização sem fins lucrativos que recauchuta máquinas velhas para escolas e idosos. “Temos de trilhar o caminho entre o que é a realidade para muitas pessoas e o reconhecimento de que todo mundo tem de estar no mundo digital. Não é justo dizer que você precisa do melhor computador para garantir maior segurança.”

Assim, como trilhamos esse caminho? Embora um novo aparelho deva ser comprado em algum momento, existem maneiras de manter seus dispositivos funcionando com segurança mesmo quando o fabricante interrompe as atualizações de software. Aqui está o que você precisa saber.

Siga as melhores práticas de segurança

Considere como usamos a tecnologia hoje. Nos computadores, muito do que fazemos, desde a entrega da lição de casa até a edição de planilhas, requer um navegador web. Nos telefones, contamos fortemente com a web e com os aplicativos. Portanto, manter-se seguro on-line sem a ajuda direta de um fabricante envolve, em grande parte, tomar medidas para a utilização da web e dos aplicativos. Aqui estão algumas coisas às quais se deve prestar atenção:

– Mantenha seu navegador atualizado. Ficar por dentro das atualizações do navegador oferecerá alguma proteção contra sites maliciosos. Empresas confiáveis como a Mozilla, fabricante do Firefox, atualizam seus aplicativos para que funcionem em computadores com mais de dez anos.

– Como sempre, evite comportamentos suspeitos. Não abra mensagens nem clique em links de remetentes desconhecidos e, se possível, use apenas aplicativos oferecidos por marcas confiáveis, orientou Sinan Eren, executivo da empresa de segurança Barracuda Networks.

– Fique atento a aplicativos obscuros. Os dispositivos Android são mais suscetíveis a malware do que os da Apple, em parte porque podem ser configurados para instalar aplicativos de lojas de aplicativos não autorizadas. Além disso, muitos fabricantes param de suportar dispositivos Android depois de apenas dois anos. O Google não quis comentar. Os proprietários de aparelhos desatualizados com o Android podem adicionar uma camada de proteção instalando um aplicativo de varredura de malware de marcas como a Malwarebytes, a NortonLifeLock e a Lookout.

– Proteja suas contas on-line. Mesmo que o sistema operacional do seu dispositivo esteja desatualizado, configurar suas contas on-line com autenticação de dois fatores – prática de segurança que gera um código único por meio de um aplicativo ou uma mensagem de texto sempre que você faz login em um site – pode ajudar a impedir o acesso inadequado à sua conta caso sua senha seja roubada.

Fazer tudo isso reduzirá o risco, mas não vai eliminá-lo. Segundo Dan Guido, CEO da Trail of Bits, empresa de segurança na internet, dispositivos desatualizados permanecem abertos a ataques por causa de vulnerabilidades conhecidas de softwares antigos. “Os dispositivos sem suporte são um alvo estável – alvo fácil – para os ataques.”

Instale um sistema operacional diferente

Existem medidas mais avançadas que podem manter um dispositivo funcional e seguro depois de sua vida útil. Uma delas é substituir o sistema operacional do fabricante por um alternativo.

A organização sem fins lucrativos de Shohoney, a Free Geek, restaura computadores antigos instalando uma cópia do Linux, sistema operacional de código aberto conhecido por sua segurança robusta e usado para tarefas básicas como navegar na web, trocar e-mails e produzir documentos.

A instalação de um sistema operacional diferente requer algum conhecimento técnico, mas uma miríade de recursos e tutoriais on-line oferece instruções passo a passo para adicionar o Linux a máquinas Windows e Mac desatualizadas.

Os smartphones têm menos opções. Para o Android, o LineageOS, sistema operacional móvel de código aberto, recebeu avaliações positivas por causa de sua segurança robusta.

Os dispositivos móveis desatualizados da Apple, no entanto, não podem ser facilmente modificados com a instalação de um sistema operacional alternativo. Na verdade, os especialistas em segurança não recomendam o “jailbreaking”, a instalação de software não autorizado, porque pode enfraquecer a segurança do dispositivo Apple.

Reaproveite seu dispositivo antigo

Também podemos tomar medidas em relação a nosso hardware, como substituir uma bateria velha, para mantê-lo funcionando. Mas, com o tempo, quando o custo, o esforço e o risco se somam e tornam impraticável a ressuscitação de um dispositivo, a compra de um novo é sua melhor aposta.

Isso não significa que temos de levar nossos dispositivos para um centro de reciclagem. Ao desligar a conexão de internet de um iPad desatualizado, por exemplo, você pode usá-lo com segurança para tarefas leves, como reproduzir música ou anotar receitas, sugeriu Kyle Wiens, CEO da iFixit, empresa que oferece ferramentas e instruções sobre como reparar produtos tecnológicos: “Se não está conectado à rede, não importa que esteja desatualizado.”

c. 2022 The New York Times Company

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