Cônsul alemão ameaça testemunha em mensagem: “Estou seguro. Você não”
Por Giulia Ventura
Rio de Janeiro – Após ter a prisão relaxada e sair do Brasil, o cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, que responde por homicídio triplamente qualificado contra o marido, usou um aplicativo de mensagens para ameaçar uma das testemunhas no caso.
Ameaçado, o homem, que era amigo do belga Walter Henri Maximilien Biot, procurou a 14ª DP (Leblon) na terça-feira (30/8) para registrar a ocorrência, logo após a troca de mensagens com o diplomata.
No texto, Hahn, que está na Alemanha desde a manhã dessa segunda-feira (29), faz ameaças. Ele diz que vai falar às autoridades brasileiras que a testemunha é traficante e roubou dinheiro de Walter Biot caso o depoimento dela, que acusa Uwe de ser arrogante e violento, não seja retirado.
“Estou em segurança. Você não. E você conhece a polícia, eles vão adorar a verdade sobre você. A delegada vai publicar tudo, mesmo sem provas”.
A testemunha rebate: “Eu não preciso estar seguro, ou fugir do país, diferente de você. Você é um assassino e matou meu amigo e vai pagar por isso”, diz.
“Você é procurado pela Interpol, ontem condenado a retornar à prisão, eu não vendo droga alguma, diferentemente de você, e se você matou seu marido e sabe disso. E eu não peguei dinheiro do seu marido que você ama tanto é que você deixou aqui. Era Walter que sempre me ajudava e que se escondia de você, que era submisso a você, que era aterrorizado por você”, completou.
De acordo com a Polícia Civil, o caso será investigado como coação no curso do processo.
Exame no apartamento
Segundo o jornal O Globo, o laudo da perícia feita no apartamento de Hahn e Walter, em Ipanema, na zona sul do Rio, aponta que “o conjunto de lesões da vítima, descrito nos laudos do IML supramencionados, não é compatível apenas com queda frontal da própria altura”.
Isso porque, logo após a morte do marido, Hahn afirmou à polícia que o companheiro teria sofrido um mal súbito e batido com a cabeça no chão. No entanto, Walter apresentava múltiplas lesões no corpo, de acordo com o Instituto Médico Legal (IML).
Ainda conforme apontam os peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, apesar da identificação de manchas de sangue em vários ambientes do apartamento, a não preservação do local, a remoção do cadáver e acionamento tardio da perícia comprometem o resultado final. “Torna-se prejudicado determinar o nexo de causalidade entre os vestígios relatados e as lesões da vítima”, afirma o documento.