Defesa de Braga Netto nega que ele tenha obstruído investigação

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O então ministro da Defesa, Braga Netto, fala com soldados durante Operação Formosa (Goiás), em 2021 - Evaristo Sá - 16.ago.21/AFP

A defesa do general da reserva Walter Braga Netto negou, em nota divulgada na tarde de sábado (14), que ele tenha obstruído as investigações sobre a trama golpista de 2022.

Os advogados do general dizem que irão se manifestar nos autos após ter “plena ciência dos fatos que ensejaram a decisão”.

“Com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações”, diz a o texto da defesa, liderada por Luís Henrique Cesar Prata.

A prisão preventiva foi decretada na sexta-feira (13) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da Polícia Federal e com o aval da PGR (Procuradoria-Geral da República) deu aval.

Segundo o chefe da PGR, Paulo Gonet, a representação da Polícia Federal traz provas suficientes da tentativa do general de interferir nas investigações.

As suspeitas nesse sentido vêm sendo acumuladas desde setembro de 2023, quando o tenente-coronel Mauro Cid teve homologado seu acordo de colaboração premiada no STF.

Cid relatou, em depoimento, que Braga Netto procurou diretamente seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para pedir detalhes do que ele havia falado na colaboração premiada.

“Isso aconteceu logo depois da minha soltura [em setembro de 2023], quanto eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado”, disse Cid em depoimento à PF.

“Fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa’.”

A Polícia Federal também apreendeu na sede do PL, em fevereiro, um documento com perguntas e respostas sobre a delação. O texto estava em uma mesa usada pelo coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto.

A PF afirma também que Braga Netto foi quem “obteve e entregou os recursos necessários” para a execução do plano de matar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes.

A afirmação foi feita após Cid afirmar, em depoimento, que o general entregou dinheiro em espécie, guardado em uma caixa de vinho, para o tenente-coronel Rafael de Oliveira —indiciado por ser um dos executores do plano Punhal Verde e Amarelo, do general Mario Fernandes, que foi colocado em ação em 15 de dezembro de 2022 para matar ou prender Alexandre de Moraes.

Segundo a investigação, o plano acabou abortado, com os militares já posicionados, por orientação de um dos chefes do grupo. A Polícia Federal ainda tenta confirmar a identidade de cinco dos seis integrantes da trama.

Em nota, o Exército afirmou que acompanha as diligências realizadas por determinação da Justiça e colabora com as investigações em curso. “A Força não se manifesta sobre processos conduzidos por outros órgãos procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”, completa o texto.

Braga Netto foi ministro da Casa Civil e da Defesa na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e só deixou o governo para se filiar ao PL e compor, como vice, a chapa presidencial na campanha pela reeleição.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais na noite de sábado (14) para comentar a prisão do general Walter Braga Netto.

“Há mais de 10 dias o ‘Inquérito’ foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao [Ministério Público] MP. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, escreveu o ex-presidente.

Já o ex-vice-presidente de Bolsonaro, o também general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), escreveu neste sábado que a prisão de Braga Netto é um “atropelo das normas legais” no Brasil.

Mourão, que é senador pelo Rio Grande do Sul e general da reserva do Exército, também afirmou que Braga Netto “não representa nenhum risco para a ordem pública”.

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