Eleição de Lula ou de Bolsonaro não fará diferença para os partidos

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Jair Bolsonaro e Lula. © Gabriela Biló/André Dusek/Estadão

Até prova em contrário, o candidato nem Lula nem Bolsonaro é Ciro Gomes (PDT), que pela quarta vez disputa a Presidência da República. Não é João Doria (PSDB), não é Simone Tebet (MDB). Ciro tem mais que o dobro deles nas pesquisas de intenção de voto.

Doria está sendo vítima de um golpe de mão dos caciques do seu partido que tentaram em vão derrotá-lo em eleições internas, e agora querem que ele se retire. O MDB lulista e o bolsonarista empenham-se em abortar a candidatura de Simone.

Quem mais do que Ciro bate sem piedade em Lula e em Bolsonaro ao mesmo tempo? Quem mais do que ele apresenta ideias para governar, goste-se delas ou não? Quem mais do que ele afronta de cara lavada e desarmado os milicianos que pregam o golpe?

Isso quer dizer que Ciro poderá desbancar Lula ou Bolsonaro e ir para o segundo turno? Difícil que isso aconteça. Difícil que ele, ou Doria, ou Simone, rompa a polarização anunciada desde o ano passado e que se mantém incólume até aqui.

Diminuiu a vantagem de Lula sobre Bolsonaro, mas Lula não caiu, e Bolsonaro parou de crescer. Esta será uma semana repleta de novas pesquisas aplicadas pelos institutos com melhor reputação. Não se espera que traga grandes surpresas, mas… A conferir.

A polarização no alto se repete no andar de baixo, o dos governos estaduais. Cite um único estado em que a terceira via de fato ameaça os dois favoritos. Em São Paulo é Haddad (PT) contra Tarcísio de Freitas (PL). No Rio, Cláudio de Castro (PL) x Freixo (PSB).

Em Minas, Alexandre Kalil (PSD) contra Romeu Zema (Novo). Na Bahia, ACM Neto (União Brasil) x Jerônimo (PT). Em Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade) contra Danilo Cabral (PSB) – e por aí vai, de uma ponta à outra do país.

“Partido político no Brasil, hoje, é cooperativa de deputados”, observou Lula, e com razão. A maioria dos partidos está nem aí para quem venha a se eleger presidente ou governador. O que lhes interessa é eleger o maior número possível de deputados.

O orçamento secreto explica, como o dinheiro do fundo partidário. A eleição de 2018 foi atípica, não mais se repetirá. A deste ano, de transição – no caso de Lula, porque ele pretende governar só quatro anos; no de Bolsonaro, porque será seu último mandato.

Os partidos estão mesmo de olho nas eleições de 2026, que poderão marcar o início de uma nova era. Lula ou Bolsonaro não fará muita diferença para eles.

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