EUA impõem sanções a 21 autoridades da Venezuela por repressão pós-eleição

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Os Estados Unidos devem impor sanções a 21 altos funcionários do regime da Venezuela por seu papel na repressão de protestos após a eleição presidencial de julho, anunciou um oficial americano na quarta-feira (27). Segundo ele, as medidas incluem membros do gabinete do ditador Nicolás Maduro.

Washington diz que Maduro falsamente se declarou vencedor na votação e que o candidato opositor, Edmundo González, é o verdadeiro presidente eleito. Segundo um membro do governo americano, que falou sob anonimato, entre os alvos estão funcionários do regime que teriam agido ilegalmente em táticas repressivas.

Uma agência do Departamento do Tesouro americano impôs sanções contra funcionários da Guarda Nacional Bolivariana, que teria utilizado “suas armas de fogo para reprimir os manifestantes, prender e agredir menores, e realizar prisões arbitrárias”.

Também foram alvos membros da Polícia Nacional Bolivariana, da Milícia Bolivariana, do Serviço de Inteligência e da Direção de Contra-inteligência Militar —os dois últimos órgãos são responsáveis pelas prisões de opositores por acusações de conspiração contra o regime e ambos foram questionados por organizações de direitos humanos e pela missão de especialistas da ONU encarregada de investigar abusos na Venezuela.

O regime venezuelano não se manifestou publicamente a respeito das novas sanções, mas tradicionalmente se opõe com a veemência a esse tipo de medida afirmando que se trata de interferência estrangeiras.

A lista divulgada na quarta-feira (27) inclui os chefes do serviço de inteligência, Alexis José Rodríguez Cabello e Javier José Marcano Tábata, e da polícia nacional, o general Rubén Santiago.

As sanções também miram vários ministros como o das Comunicações, Freddy Ñáñez, um dos propagandistas do regime presente em quase todas as intervenções de Maduro, o ministro do gabinete da Presidência, o contra-almirante Aníbal Coronado Millán, o ministro do Planejamento, Ricardo Menéndez, e o do Serviço Penitenciário, Julio García Zerpa.

Daniella Desiree Cabello, filha do ministro do Interior Diosdado Cabello, também foi incluída. Desde setembro ela está à frente da Agência de Promoção de Exportações, que na prática substitui a autoridade de controle cambial que vigorou na Venezuela por mais de 15 anos.

“Esses indivíduos apoiaram e executaram as ordens de Maduro para reprimir a sociedade civil em seus esforços para se declarar fraudulentamente vencedor das eleições presidenciais da Venezuela de 28 de julho”, afirma o Tesouro americano em um comunicado.

Dessa forma, ignoram “a vontade da esmagadora maioria dos eleitores venezuelanos que escolheram Edmundo González Urrutia como seu próximo presidente”, acrescenta.

A oposição reivindicou a vitória de González afirmando que possuíam cerca de 85% das cópias das atas de votação. A eclosão dos protestos contra Maduro deixou ao menos 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos. O opositor está exilado na Espanha, mas disse que tomará posse como presidente em 10 de janeiro na Venezuela —embora não esteja claro como isso será possível, uma vez que ele é alvo de um mandado de prisão na Venezuela.

Paralelamente, o Departamento de Estado americano impôs restrições de visto a “indivíduos alinhados com Maduro”. Com estas medidas, quase 2.000 pessoas são afetadas por restrições até o momento. As sanções implicam no “bloqueio da propriedade e a suspensão da entrada” nos EUA de “atuais ou ex-funcionários” do regime venezuelano, segundo o Tesouro.

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