Europa busca mostrar frente unida de apoio à Ucrânia após bate-boca entre Zelenski e Trump

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Donald Trump e Volodimir Zelenski

Os presidentes Zelenski e Trump discutem no Salão Oval - Brian Snyder/Reuters

França e Reino Unido propuseram uma trégua de um mês na Guerra da Ucrânia, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, ao jornal Le Figaro.

A iniciativa é, ao que tudo indica, o resultado mais concreto das discussões realizadas por líderes europeus em Londres no domingo (2). A convite do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, representantes de todo o continente se reuniram com urgência para demonstrar apoio ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, confrontado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, no Salão Oval da Casa Branca dias antes.

No encontro, todos concordaram com a necessidade de aumentar seus orçamentos para a defesa para assim mostrar a Trump que são capazes de proteger a si mesmos. Segundo o premiê da Polônia, Donald Tusk, também houve uma consonância em relação à ideia de a Europa assumir mais gastos dentro da Otan (a Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos americanos).

Com as finanças de muitas das nações já sob pressão, a alemã Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, sugeriu que o bloco poderia flexibilizar suas regras sobre dívidas públicas.

“Os Estados-membros precisam de mais espaço fiscal para fazer um aumento nos gastos com defesa”, disse ela, acrescentando que a Europa precisava transformar “a Ucrânia em um porco-espinho de aço que seja indigesto para potenciais invasores”.

Os líderes também acolheram a ideia de elaborar um plano de paz a ser levado aos EUA. A etapa é considerada vital para que Washington ofereça as garantias de segurança que Kiev considera essenciais para dissuadir a Rússia.

Starmer —que recebeu com um abraço um Zelenski visivelmente abalado no sábado (1º)—, disse que o Reino Unido, a Ucrânia, a França e outros países formariam uma “coalizão dos dispostos” e elaborariam um plano de paz para apresentar a Trump. Sem mencionar nomes, ele ainda acrescentou que mais países se juntariam ao movimento.

Fez a ressalva, porém, de que sem Washington, as tratativas seriam inútil. “A Europa deve fazer o trabalho pesado, mas para apoiar a paz em nosso continente, e para ter sucesso, esse esforço deve ter um forte apoio dos EUA”, disse a repórteres.

Ao fim da cúpula, segundo o jornal Washington Post, o britânico anunciou um empréstimo de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) para a Ucrânia, garantido por ativos russos congelados, além de US$ 2 bilhões (R$ 1,2 trilhão) em financiamento para que o país invadido compre mísseis de defesa aérea.

O constrangedor bate-boca de Trump com Zelenski de 28 de fevereiro levantou temores de que os EUA pretenderiam retirar seu apoio à Ucrânia e impor um plano de paz negociado com a Rússia. Durante o confronto, transmitido ao vivo, Trump acusou o ucraniano de não agradecer o suficiente a ajuda dos EUA na guerra, ser desrespeitoso com os americanos e arriscar uma Terceira Guerra Mundial. A Europa se esforça, assim, para garantir que Kiev não seja excluída das negociações.

O ucraniano —que depois do encontro em Londres voou para se encontrar com o rei Charles 3º em Sandringham, residência privada do monarca no leste da Inglaterra— afirmou acreditar ser possível recuperar a relação com Trump após a discussão. Ressaltou, porém, que o diálogo precisa continuar a portas fechadas.

“Não acho que seja certo quando tais discussões são totalmente abertas. O formato do que houve, não acho que ele trouxe nada de positivo ou que tenha acrescentado algo para nós enquanto parceiros”, disse Zelenski. Afirmou ainda que continua disposto a assinar o acordo de minerais proposto pelos americanos.

As conversas com os EUA se concentraram em Washington fornecer suporte para um papel de manutenção da paz europeu, possivelmente na forma de cobertura aérea, inteligência e vigilância e uma ameaça maior ainda não especificada se Vladimir Putin, presidente russo, novamente tentar tomar mais território.

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