Fotos com arma desmentem versões da namorada do brasileiro que atacou Cristina Kirchner na Argentina

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Reprodução de reportagem em vídeo mostra prisão de Brenda Uliarte, namorada do brasileiro que atacou Cristina Kirchner — Foto: Reprodução/Via Reuters

Fotos encontradas no chip do telefone celular de Fernando Sabag Montiel, o brasileiro que tentou matar Cristina Kirchner, a vice-presidente da Argentina, mostram o suspeito e sua namorada manuseando a arma que ele usou na tentativa de atentado e uma caixa com balas.

De acordo com a mídia argentina, a Justiça afirma que as fotos têm um ano.

Em três fotos, Brenda Uliarte, a namorada, aparece com a arma na cintura —essas imagens são reveladoras, porque ela havia afirmado que não sabia da existência do revólver.

A foto também desmente outra declaração da namorada: ela havia dito que conhecia Fernando havia dois meses, e que tinha acabado de se mudar para a casa do brasileiro. No entanto, em uma das fotos, com data de 8 de maio de 2022, ela aparece na casa.

As fotos foram encontradas no chip, e não na memória do próprio aparelho —esse foi apagado.

O que se sabe sobre o atentado?

Dias após o ataque fracassado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, as motivações do autor ainda são desconhecidas, mas seu entorno e namorada são investigados.

Como ocorreu o atentado?

Pouco antes das 21h da quinta-feira (1º/9), Cristina Kirchner, de 69 anos, deixou o Senado, que ela preside, e voltou para sua casa. Em frente à residência dela, um grupo de simpatizantes a esperavam para expressar seu apoio (ela está sendo investigada pela Justiça por supostos desvios de dinheiro em obras públicas).

Enquanto ela cumprimentava os apoiadores e assinava exemplares de seu livro ‘Sinceramente’, um braço surgiu sob seu ombros apontando-lhe uma arma a menos de um metro de sua cabeça.

Kirchner pareceu não se dar conta do que ocorreu e continuou seus autógrafos.

Os apoiadores detiveram o agressor. A arma foi encontrada no chão e levada pela polícia. Material genético compatível com o do agressor foi encontrado em partes da pistola, segundo uma fonte da investigação.

O agressor usou uma Bersa calibre 32. Estava apta para ser acionada, e havia cinco balas, mas nenhuma disparou. Aparentemente, o agressor acionou o gatilho, e ainda não se sabe por que a bala não saiu. Cem balas de 9 mm foram encontradas em sua casa.

Quem é o agressor?

O agressor foi identificado como Fernando Andrés Sabag Montiel de 35 anos, nacionalidade brasileira, filho de uma argentina e um chileno. Ele vive desde criança na Argentina.

Montiel não tem emprego formal conhecido, mas já trabalhou como motorista de aplicativo. Nos últimos tempos, vendia algodão-doce ao lado de sua namorada.

Em 2021, ele foi denunciado por porte ilegal de arma branca (uma faca), mas o processo foi arquivado.

Nas redes sociais, ele aparece em selfies com visuais diferentes: cabelos curtos, longos, com e sem barba, com e sem brincos, exibindo tatuagens relacionadas a símbolos nazistas.

Segundo o advogado de Kirchner, Gregorio Dalbón, o agressor não atuou sozinho. “Posso adiantar que há mais pessoas implicadas, e não são pessoas públicas”, afirmou.

Em que ponto estão as investigações?

A causa foi enquadrada como tentativa de homicídio qualificado e está sob segredo de Justiça, nas mãos da magistrada María Eugenia Capuchetti e do promotor Carlos Rívolo.

A juíza ouviu o depoimento da vice-presidente, que pediu para ser querelante na causa. Cerca de 30 testemunhas, policiais e seguranças foram ouvidos. O detido se negou a depor.

O celular do agressor, já em mãos dos investigadores, aparentemente foi bloqueado antes que os dados fossem resgatados, o que gerou polêmica. Os cartões e a memória externa estão em análise.

A namorada de Sabag Montiel

A namorada de Sabag, Brenda Uliarte de 23 anos, foi presa na noite de domingo (4/9) em uma estação de trem em Buenos Aires. Seu telefone também está em análise.

Ela foi identificada nos vídeos perto do local onde Sabag Montiel atacou a vice-presidente, ao contrário do que declarou. Em depoimento em Telefé após o atentado, a jovem afirmou que não viu o namorado nas 48 horas antes do ataque.

Sua tia, Sandra, declarou nesta terça à imprensa que a jovem “não seria capaz de fazer isso” e que foi manipulada. Quatro amigos do casal testemunharam e seus celulares estão sob investigação.

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