‘Fui crucificada e apedrejada sem a opção de me defender’, diz Karla Sofía Gascón

Karla Sofía Gascón
Karla Sofía Gascón, protagonista de “Emilia Pérez”, pediu desculpas pelos seus tuítes antigos considerados racistas que foram recuperados na esteira de sua indicação ao Oscar de melhor atriz.
“Minhas mais sinceras desculpas a todas as pessoas que podem ter se sentido ofendidas pelas formas que me expressei no passado, presente e futuro”, ela começou a entrevista à CNN espanhola, divulgada neste domingo.
“Esses dois dias estão sendo momentos muito difíceis. Não sabia o que estava acontecendo”, continuou e saiu em sua defesa: “Não sou racista. Fui julgada, condenada, crucificada e apedrejada sem julgamento e sem a opção de me defender.”
Nos trechos, publicados há alguns anos, a atriz reclama do islã, critica George Floyd e ironiza as políticas de diversidade do Oscar. Viralizou também um tuíte em que Gascón especula se a cantora Adele teria ficado com a pele flácida após emagrecer.
Gascón disse que sempre apoiou as pessoas negras, causa com a qual diz mais se identificar, e defende os valores de todas as pessoas e direitos sociais. “Nunca tive problemas com ninguém nem com a justiça. Eles nunca puderam dizer que eu fiz algo errado.”
“Seria muito desagradável dizer que sou racista ou que fiz comentários racistas contra pessoas negras ou afro-americanas dos Estados Unidos porque as adoro e tenho milhões de amigos e trabalho com milhões de pessoas, assim como com as pessoas asiáticas. Sem mencionar os muçulmanos, principalmente agora mesmo, que tenho um relacionamento com uma pessoa maravilhosa que é muçulmana”, disse e se emocionou.
Gascón afirmou ainda que algumas pessoas disseram para ela não ir à cerimônia do Oscar, porque “ela nem conta”. Mas respondeu que não tem motivos para renunciar sua indicação. A espanhola é a primeira trans a ser indicada à categoria de melhor atriz na premiação. Ela concorre com Fernanda Torres, de “Ainda Estou Aqui”.