G20: Prefeitos querem R$ 5 trilhões por ano para enfrentar crise climática

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Mercado Público de Porto Alegre ficou inacessível após cheia do Guaíba - Nelson Almeida - 19.mai.24/AFP

Prefeitos reunidos no Rio de Janeiro para evento prévio ao encontro do G20 pediram no sábado (16) US$ 800 bilhões (cerca de R$ 5 trilhões) por ano em investimentos públicos e financiamentos para adaptação e mitigação de efeitos das mudanças climáticas.

O valor é quatro vezes superior aos recursos disponíveis atualmente para financiamento urbano, afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele sugeriu a criação de um fundo garantidor para que prefeituras possam acessar novas fontes de financiamento.

“Sem o financiamento adequado, as cidades continuarão enfrentando dificuldades”, afirmou Paes, durante encontro com cerca de 60 prefeitos ou líderes de cidades no Rio. O grupo aproveitou a proximidade com o G20 e a COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, para chamar a atenção ao problema.

Elas sugerem que maior investimento em soluções como transporte de baixo carbono, energia limpa e infraestrutura resistente ao clima ajudaria a reduzir emissões, além de gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento econômico.

“Com o financiamento adequado, as cidades se tornaram catalisadores de crescimento verde, número, transformando setores como transporte, habitação e energia, ao mesmo tempo em que estimulam inovação e desenvolvimento econômico”, diz nota divulgada pelo grupo.

“O modelo de financiamento urbano deve ser orientado por políticas nacionais, permitindo que as cidades captem recursos, então o desafio é tornar esse processo mais ágil”, afirmou Paes.

“Como prefeitos, vemos a urgência da ação climática em nossos bairros e comunidades todos os dias. As cidades têm o poder de liderar a transformação climática ao repensar os espaços urbanos para torná-los mais verdes, saudáveis e sustentáveis”, afirmou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.

Também no Rio para o encontro do G20, o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Ilan Goldfajn, disse que a instituição quer “trabalhar mais perto” das cidades para ampliar o acesso ao crédito.

“Normalmente, os bancos multilaterais mais com os governos federais, [porque] temos as garantias”, afirmou. “Governos regionais e os governos municipais ficam mais pendentes da capacidade de se endividar.”

Nesse sentido, o BID oferece assessoria para que prefeituras reduzam suas dívidas e consigam acesso a financiamentos. “Uma vez que elas tenham boas contas fiscais, elas conseguem ir ao mercado e trabalhar. Se elas têm boas contas e conseguem, elas podem receber também dinheiro nosso.”

O BID quer oferecer também assessoria na preparação de projetos de investimento. “Às vezes você tem acesso a recursos, mas não sabe como preparar os projetos”, disse Goldfajn, lembrando que bancos multilaterais anunciaram US$ 120 bilhões para investimentos ambientais em países de baixa renda.

Deste total, o BID entrará com US$ 12 bilhões. “Eu acho que está ficando muito claro para todo mundo que nós estamos enfrentando mais desastres climáticos”, afirmou o presidente do banco, completando que o tema tem estado cada vez mais presentes em conversas do banco com tomadores de empréstimos.

Na sexta (15), Goldfajn anunciou no Rio US$ 25 bilhões para projetos focados no combate à fome e à pobreza. A oferta de crédito subsidiado é a forma de apoio do banco ao Pacto Global contra a Fome e a Pobreza, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para criar uma marca da presidência brasileira do G20, que se encerra na cúpula da próxima semana.

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