Lula chegou ao Brasil nesta segunda-feira (11/9), após receber do presidente da Índia, Narendra Modi, a presidência rotativa do G20, que será exercida pelo Brasil durante um ano e terminará com o próximo encontro de cúpula do bloco, que será no Rio de Janeiro em setembro de 2024.
O presidente brasileiro destacou, em seu último discurso em Nova Déli, as três prioridades da presidência brasileira do G20: o combate à fome, pobreza e desigualdade; a transição energética e o desenvolvimento sustentável em suas três dimensões (econômica, social e ambiental), além da reforma do sistema de governança internacional. Ele ainda anunciou o lema que o país adotará em sua gestão do bloco das maiores economias globais: “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.
Os encontros à margem do G20
No domingo (10/9), após desencontros e cancelamentos, Lula se reuniu com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. O líder saudita ficou célebre no Brasil porque foi seu governo que presenteou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com joias que fizeram dele investigado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal de Contas da União.
Na conversa, o brasileiro deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país-membro do Brics e ouviu que os árabes desejam ampliar investimentos no Brasil, principalmente na área de petróleo e gás, bem como nas fontes verdes. Ficou acertado que uma delegação de empresários e autoridades sauditas deve visitar o Brasil em breve para conhecer a carteira de projetos do Novo PAC, que estão abertos a investimentos estrangeiros. Essa agenda será discutida pelos ministérios das Relações Exteriores de ambos os países.
O anfitrião da cúpula do G20, Narendra Modi, também convidou Lula para um encontro bilateral, no qual os dois trataram da troca de presidência do G20 e falaram, segundo o governo brasileiro, de esforços para “fazer ouvir a voz dos países em desenvolvimento”.
Com Modi e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula também lançou, à margem do G20, a Aliança Global para Biocombustíveis. O objetivo dos três países, que são os principais produtores de biocombustíveis (como o etanol) no mundo, é fomentar a produção sustentável e o uso desses produtos. A iniciativa ainda reúne outros 19 países e 12 organizações internacionais — e segue aberta a novas adesões.
Lula também conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o convidou para visitar o Brasil. O francês sinalizou que sua primeira visita oficial ao país pode acontecer no primeiro semestre do ano que vem.
Os dois também trataram de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente e conversaram sobre pendências que ainda travam um desfecho do acordo entre Mercosul e União Europeia. Lula disse que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e que espera uma postura clara dos europeus.
Tentando destravar o acordo com a União Europeia
Negociado há décadas entre os dois blocos, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia também foi tema de encontro entre Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Na conversa, Lula reformou reclamações contra um instrumento apresentado no início do ano pela União Europeia, com novas condicionantes para o acordo em torno de possíveis sanções em torno de questões ambientais. Para o brasileiro, as exigências são inaceitáveis e desconsideram credenciais do Brasil em torno do tema.
Em nome do bloco sul-americano, Lula cobrou dos europeus “uma postura mais clara em torno da real possibilidade de acordo”.
Lula teve ainda uma reunião bilateral com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. O brasileiro parabenizou Erdogan pela vitória nas eleições de maio e afirmou que deseja aprofundar a coordenação de posições com a Turquia em foros internacionais, além de reativar a Parceria Estratégica entre os dois países, especialmente na área de Defesa.
Uma das possibilidades citadas pelo brasileiro, segundo o governo, é o mercado de aviação. A Turkish Airlines é uma das principais empresas do ramo no mundo e Lula afirmou que o Brasil está pronto para facilitar discussões entre Embraer e a companhia turca.