Governo brasileiro avalia expulsão de embaixador de Israel após atrito diplomático

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O embaixador de Israel, Daniel Zonshine. foto: reuters

Por Andréia Sadi, Fábio Santos

A escalada diplomática envolvendo Brasil e Israel pode chegar a uma medida mais drástica, como a expulsão do embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine. Segundo fontes do Itamaraty ouvidas por esta reportagem, o Brasil não deseja que a situação chegue a este ponto, mas não descarta que se torne uma possibilidade caso Israel continue a escalar contra Lula e o Brasil.

Uma ala do Planalto defende a medida e diz que a situação do embaixador no Brasil está prejudicada. Mas diz que esse tipo de medida depende do escalar da crise por parte de Israel – o Brasil quer baixar a fervura da crise.

Na terça-feira (20), fonte do Itamaraty revelou o sentimento de “emboscada” criada para o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, que sofreu reprimenda pública em hebraico, língua que ele não domina.

Na reunião feita entre Mauro Vieira e Zonshine não se falou em retratação nem desculpas por parte do Brasil.

Em nota, a embaixada de Israel disse que durante toda a reunião entre o ministro de Relações Exteriores de Israel e o embaixador Frederico Meyer havia a presença de uma intérprete para português-hebraico (veja íntegra abaixo).

Crise diplomática

A tensão diplomática entre Brasil e Israel veio após declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo, quando comparou ações de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra.

Os dias seguintes foram marcados por reações do governo israelense e culminou com a reprimenda a Meyer e com Lula se tornando “persona non grata” em solo israelense.

Após a escalada da tensão e reprimenda pública, o governo brasileiro mandou Meyer voltar de Tel Aviv para o Brasil. Chamar um embaixador de volta, como fez o Brasil, é uma medida considerada dura nas relações internacionais. É uma sinalização de que o país quer ouvir esclarecimentos de seu diplomata a respeito de uma atitude considerada hostil efetuada pela outra nação.

Ainda de acordo com a fonte do Itamaraty, Lula não pensava em chamar o embaixador ao Brasil, mas a decisão ocorreu após Israel subir o tom. Caso não escale por parte de Israel e a situação se acalme no Brasil, Meyer pode voltar a ocupar o seu cargo em Tel Aviv.

Íntegra da nota da embaixada de Israel

“Em relação ao idioma utilizado na reunião entre o Ministro de Relações Exteriores de Israel e o Embaixador Frederico Meyer, esclarecemos que durante toda a duração da reunião houve a presença de uma intérprete para português-hebraico.

A intérprete foi a diplomata de Israel Vivian Aisen, que nasceu e cresceu no Brasil antes de se mudar para Israel e adquirir cidadania israelense.”

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