“Guerra contra o terror” matou mais de 4,5 mi desde o 11 de setembro, diz estudo

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Imagens mostram construções destruídas após ataque aéreo no Iêmen; mais de 36 milhões de pessoas tiveram de deixar seus lares devido aos conflitos em vários países. Foto: Reuters

Por Fábio Mendes

A chamada “Guerra ao Terror” deflagrada pelos Estados Unidos em diversos países do mundo desde o ataque às Torres Gêmeas de Nova York (EUA), em 11 de setembro de 2001, foi responsável por mais de 4,5 milhões de mortes. Os números constam em um levantamento divulgado pelo Watson Institute International & Public Affairs, da Brown University.

O levantamento, intitulado ”How Death Outlives War: The Reverberating Impact of the Post-9/11 Wars on Human Health” (Como a morte sobrevive à guerra: o impacto reverberante das guerras pós-11 de setembro na saúde humana – em tradução livre), aponta que morreram entre 4,5 milhões e 4,6 milhões de pessoas, direta ou indiretamente, em função de conflitos com participação dos Estados Unidos em países como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria e Iêmen, além de outros conflitos como Líbia e Somália, nos quais as tropas norte-americanas participaram com menor efetividade.

Desse total, aponta o estudo, ao menos 3,6 milhões foram vitimadas por efeitos provocados pelos conflitos, como doenças e fome resultantes da destruição das economias desses países.

“Em vez de separar quem, o que ou quando é o culpado, este relatório mostrará que as guerras pós-11 de setembro estão implicadas em muitos tipos de mortes”, aponta o texto de apresentação do estudo.

O levantamento aponta uma grande lista de fatores causados pelas guerras que contribuíram para as mortes, como colapso econômico, resultando em perda de meios de subsistência e insegurança alimentar; destruição de serviços públicos e infraestrutura de saúde; contaminação ambiental; e trauma e violência reverberantes.

“Todos esses problemas levaram a um aumento de desnutrição, doenças, lesões, complicações de saúde, deslocamentos forçados, especialmente dentro das nações, o que (…) aumenta a vulnerabilidade”, diz o estudo.

Dados controversos

O relatório aponta as dificuldades de catalogar com precisão dados sobre morte em um ambiente “opaco” como o de uma guerra, com restrições políticas de disseminação de informações aliada às dificuldades práticas de um “teatro de guerra”.

“Nesses contextos, os registros de óbito geralmente refletem escolhas políticas sobre quem é contado e como eles são registrados, bem como técnicas de contagem amplamente variadas”, comenta a autora Stephanie Savell, pesquisadora sênior da Watson Institute e co-diretora do projeto Custos de Guerra, que faz parte o estudo.

Um exemplo dessa dificuldade está na guerra no Iraque. Um artigo de 2006 publicado no “The Lancet” estimou que aproximadamente 600 mil iraquianos morreram devido à violência da guerra entre 2003 e 2006. Dois anos depois outro levantamento estimou o número de mortes violentas no mesmo período em 151 mil. O The Iraq Body Count, um projeto que conta civis e mortes de combatentes no Iraque, documenta 300 mil mortes violentas até os dias atuais.

Clique aqui para ler a íntegra do estudo (em inglês).

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