Imigrantes que viajaram em cima de leme de navio devem ser deportados para a Nigéria

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Três migrantes clandestinos são vistos na lâmina do leme do petroleiro Althini II depois de viajarem da Nigéria e antes de serem resgatados pela guarda costeira espanhola, próximo ao porto de Las Palma, nas Ilhas Canárias, na Espanha, em 28 de novembro de 2022 — Foto: Salvamento Maritimo via Reuters

Por Emma Pinedo, Inti Landauro e David Latona, Reuters

Dois dos três imigrantes que foram resgatados nas Ilhas Canárias, na Espanha, depois de passar 11 dias viajando sobre o leme de um petroleiro da Nigéria foram devolvidos ao navio na terça-feira (29) para serem deportados.

Os passageiros clandestinos foram resgatados na segunda-feira (28) e tratados para desidratação moderada e hipotermia, disseram os serviços de emergência das Ilhas Canárias e a Cruz Vermelha. O terceiro imigrante, que se encontrava em estado mais grave, teve de ser transportado para outro hospital da ilha e ainda não recebeu alta, disse um porta-voz do governo local.

Uma fotografia da guarda costeira espanhola, publicada no Twitter, mostra os três homens sentados no leme sob o casco do Alithini II, logo acima do nível do mar. (Veja na foto acima)

Segundo a lei espanhola, qualquer passageiro clandestino que não solicitar asilo deve ser devolvido pelo operador do navio ao porto de origem da viagem, disse um porta-voz da polícia.

O navio de 183 metros, que navega com a bandeira de Malta, chegou a Las Palmas, na Espanha, depois de partir de Lagos, na Nigéria, em 17 de novembro e navegar pela costa oeste africana, de acordo com a Marine Traffic.

O capitão do navio confirmou à Cruz Vermelha que havia partido da Nigéria 11 dias antes.

Tratamento de imigrantes

Um porta-voz da polícia das Ilhas Canárias disse que cabe ao operador do navio cuidar dos passageiros clandestinos, fornecer-lhes acomodações temporárias e devolvê-los à origem o mais rápido possível.

Segundo Helena Maleno, diretora da organização não-governamental de migração Walking Borders, os imigrantes deveriam, pelo menos, ter sido informados do seu direito de pedir asilo político e deveriam ter sido interrogados antes de serem devolvidos ao navio.

“As condições da viagem já são um indicativo de que algo muito sério pode estar por trás disso. Nunca vimos condições como esta onde eles chegaram com vida”, disse Maleno.

A Alithini II, de propriedade da Gardenia Shiptrade, é gerenciada pela Astra Ship Management, com sede em Atenas, na Grécia, de acordo com o banco de dados público de remessas Equasis.

A Astra Ship Management não respondeu a várias ligações da agência de notícias Reuters em busca de comentários. O representante do governo espanhol nas Ilhas Canárias não respondeu imediatamente se os migrantes foram informados de seus direitos.

A guarda costeira disse que os migrantes foram resgatados por um navio da guarda costeira por volta das 19h no horário local (16h em Brasília) na segunda-feira.

As Ilhas Canárias, de propriedade espanhola, são uma porta de entrada popular, mas perigosa, para imigrantes africanos que tentam chegar à Europa. Desde 2014, por volta de 3 mil migrantes morreram ou estão desaparecidos depois de tentar cruzar da África para o arquipélago por mar, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.

Três migrantes clandestinos são vistos na lâmina do leme do petroleiro Althini II depois de viajarem da Nigéria e antes de serem resgatados pela guarda costeira espanhola, próximo ao porto de Las Palma, nas Ilhas Canárias, na Espanha, em 28 de novembro de 2022 — Foto: Salvamento Maritimo via Reuters
Três migrantes clandestinos são vistos na lâmina do leme do petroleiro Althini II depois de viajarem da Nigéria e antes de serem resgatados pela guarda costeira espanhola, próximo ao porto de Las Palma, nas Ilhas Canárias, na Espanha, em 28 de novembro de 2022 — Foto: Salvamento Maritimo via Reuters

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