Israel resgata corpos de seis reféns em Gaza; protestos aumentam pressão sobre Netanyahu
Israel recuperou os corpos de seis reféns em um túnel de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde aparentemente foram mortos pouco antes de as tropas israelenses chegarem até eles, disse o Exército do país no domingo (1º/9).
Os reféns eram Carmel Gat, Hersh Goldberg-Polin, Eden Yerushalmi, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e Ori Danino. Eles faziam parte do grupo de cerca de 250 pessoas capturadas pelo Hamas no sul de Israel em outubro do ano passado. Acredita-se que cerca de um terço dos 101 sequestrados israelenses e estrangeiros ainda no território palestino tenham morrido.
O anúncio gerou uma onda de críticas de parentes dos sequestrados, da oposição e até de membros do governo sobre como o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, tem lidado com o tema. Milhares foram às ruas em protestos em Jerusalém, Tel Aviv e diversas outras cidades para pressionar Bibi, como o premiê é chamado, a fechar um acordo de cessar-fogo que inclua a libertação dos reféns restantes.
Os manifestantes estão bloqueando ruas e estradas, e um grupo se reuniu do lado de fora do gabinete do premiê, em Jerusalém. “Assuma a responsabilidade por suas falhas”, disse o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos a Netanyahu em um comunicado divulgado no domingo (1º/9).
Izzat al-Rishq, um representante do Hamas, culpou Israel pelas mortes, dizendo que o país não estava disposto a chegar a um acordo. O premiê, por sua vez, disse que Israel não descansará até capturar os responsáveis. “Quem assassina reféns não quer um acordo”, afirmou.
Já o presidente israelense, Isaac Herzog, disse que “o coração de toda uma nação está despedaçado”. “Abraço suas famílias com todo meu coração e peço desculpas por não conseguir trazê-los para casa em segurança”, afirmou.
Além das manifestações, uma greve programada para esta segunda (2/9) deve colocar ainda mais pressão sobre Bibi.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, convocou no domingo (1º/9) uma paralisação por uma trégua, e a poderosa federação trabalhista Histadrut, que representa centenas de milhares de funcionários do setor público, anunciou que participará do protesto. Além disso, a Prefeitura de Tel Aviv anunciou por sua página no Facebook que fará uma greve de meio dia em solidariedade aos reféns e suas famílias.
Até mesmo o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, fez coro às pressões por um acordo de cessar-fogo.
“É tarde demais para os reféns que foram assassinados a sangue frio. Os reféns que permanecem sob o poder do Hamas devem ser libertados”, disse ele na rede social X. “O gabinete político de segurança deve se reunir imediatamente e reverter a decisão tomada na quinta”, disse ele, referindo-se à manutenção das tropas no chamado corredor Filadélfia, ao longo da fronteira sul de Gaza.
Sob o argumento de que é preciso evitar que o Hamas contrabandeie armas a partir do Egito, Netanyahu tem se mostrado inflexível em relação ao tema. A posição tem sido vista como um dos principais obstáculos para um acordo com o Hamas nas negociações mediadas por Egito e Qatar.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse em um comunicado estar “devastado e indignado” com a morte do israelense-americano Hersh Goldberg-Polin. Capturado em um festival de música que acontecia perto de Gaza no momento do ataque e onde foram achados 260 corpos após o atentado, o jovem apareceu com um braço amputado em um vídeo divulgado pelo Hamas no final de abril.
“Ele tinha acabado de completar 23 anos. Planejava viajar pelo mundo”, disse Biden. Seus pais, Rachel Goldberg e Jon Polin, afirmou, “foram corajosos, sábios e firmes, mesmo enquanto aguentavam o inimaginável”. O presidente americano prometeu que “os líderes do Hamas pagarão por esses crimes”. “E continuaremos trabalhando incessantemente para garantir a libertação dos reféns restantes”, disse.
Também em nota, a vice-presidente Kamala Harris, em campanha pelo Partido Democrata p ara suceder Biden, disse em um comunicado condenar “veementemente a brutalidade contínua do Hamas”. “O mundo inteiro deve fazer o mesmo”, afirmou.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo terrorista, pelo menos 40.738 palestinos foram mortos e 94.060 ficaram feridos na ofensiva militar de Israel em Gaza até o domingo (1º/9).