General Júlio Cesar de Arruda. Foto: Marcos Corrêa/PR

por Lucas Schroeder

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu no sábado (21) o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Ele havia sido nomeado para o cargo pelo próprio presidente Lula e escolhido pelo critério de antiguidade. A informação foi confirmada por fontes do governo à reportagem.

O substituto deve ser o comandante militar do Sudeste, general Tomas Miguel Ribeiro Paiva.

Júlio Cesar de Arruda será substituído pelo comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. Na sexta-feira (20), Paiva afirmou que o resultado das urnas eletrônicas deve ser respeitado. Foi a primeira manifestação pública de um comandante militar desde os atos criminosos de 8 de janeiro.

“Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”, disse.

Por isso, tornou-se alvo, ao lado de outros integrantes do ACE, de uma campanha difamatória de bolsonaristas.

Na quarta-feira (18), no quartel-general do Comando Militar do Sudeste (CMSE), com a tropa formada, o general discursou durante cerca de dez minutos.

Na ocasião, ele lembrava os militares mortos na missão de paz das Nações Unidas no Haiti, onde o Brasil permaneceu de 2004 a 2017. Dezoito militares morreram no terremoto de 12 de janeiro de 2010, que destruiu parte do país caribenho em 2010. Quando coronel, Tomás comandou um batalhão no Haiti.

No meio do discurso, o general passou a tratar de outro “terremoto”, que atingiu recentemente o País. “Nós últimos dias, nós estamos vivendo um outro tipo de terremoto no País: um terremoto político, que não causou mortes”.

Esse terremoto, segundo ele, é movido pelo ambiente virtual, que não tem freio. “Todo nós somos hoje hiperinfomados. Para excesso de informação só tem um remédio: mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas”, avaliou.

De acordo com ele, essa violência, “essa intolerância tem nos atacado”. “Esse terremoto não está matando gente, mas está tentando matar a nossa coesão, a nossa hierarquia e a nossa disciplina, o nosso profissionalismo e o orgulho que a gente tem de vestir essa farda. E não vai conseguir”, destacou.

Logo em seguida, o general reafirmou o Exército como instituição de Estado: “Ser militar é ter uma instituição de Estado, apolitica, apartidária; não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar”.

O general disse ainda que os militares não devem ter correntes políticas e devem permanecer coesos. “(Ser militar) é não ter corrente. Isso não significa que ele não pode ter sua opinião. Ele pode ter, mas ele não pode se manifestar. Ele pode ouvir muita coisa: ‘faço isso, faça aquilo’, mas ele faz o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”, pontuou.

O general concluiu o discurso para a tropa com uma defesa enfática da democracia e do respeito ao resultado das urnas.

“Essa é a mensagem que quero trazer para vocês. Em que pese o turbilhão, o terremoto, o tsunami, nós vamos continuar íntegros, coesos e respeitosos e vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas”, ressaltou.

“E é o regime do povo, da alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna. Essa é a convicção que eu tenho, mesmo que a gente não goste do resultado – nem sempre é o que a gente queria. Mas essa é o papel da instituição de Estado, que respeita os valores da Pátria”, finalizou.

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