Lula nomeia para cargo na Suíça embaixador que foi constrangido por autoridades em Israel; Confederação israelita critica decisão

0

Frederico Meyer, embaixador do Brasil em Israel — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou o diplomata Frederico Meyer para o cargo de representante do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, na Suíça.

A nomeação foi assinada na terça-feira (28) e publicada no “Diário Oficial da União” na quarta-feira (29). Com o ato, Meyer foi oficialmente retirado do cargo de embaixador do Brasil em Israel. O escritório em Tel Aviv ficará a cargo do diplomata Fábio Moreira Farias, que atualmente é o número dois da embaixada.

Frederico Meyer estava à frente da Embaixada do Brasil em Israel quando declarações do presidente Lula sobre o conflito entre o exército israelense e o grupo terrorista Hamas geraram uma crise diplomática.

Ao comparar a resposta israelense aos ataques do Hamas com o que Adolf Hitler fez com os judeus no século passado, Lula irritou autoridades de Israel e foi declarado “persona non grata” no país. Na ocasião o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o brasileiro havia cruzado a “linha vermelha”.

Na sequência, o chanceler israelense, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, o que foi visto por diplomatas brasileiros como uma forma de “humilhar” o diplomata e, consequentemente, o próprio Brasil.

Diante do que considerou ser um constrangimento, Lula chamou Meyer ao Brasil para consultas. A medida é excepcional e, na linguagem diplomática, representa uma forma de o Brasil demonstrar insatisfação com Israel.

Na quarta-feira (29), o presidente Lula oficializou a saída de Meyer do posto diplomático em Tel Aviv.

Confederação israelita critica retirada do embaixador do Brasil em Israel

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) criticou, em nota divulgada na quarta-feira (29), a decisão do governo Lula (PT) de nomear o diplomata Frederico Meyer para o cargo de representante do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, na Suíça, retirando-o assim oficialmente do posto de embaixador do Brasil em Israel.

“A Conib lamenta a retirada do embaixador brasileiro em Israel em momento tão importante e o impacto dessa medida nas relações bilaterais”, afirma a nota.

“Os dois países têm uma rica história de cooperação e afeto, iniciada desde a aprovação da partilha da Palestina pela ONU, em 1947, em votação na Assembleia Geral da organização conduzida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Desde então, as relações prosperaram e os laços entre os países se fortaleceram em benefício mútuo de seus povos”, continua.

Em sua conclusão, a nota afirma que a medida “nos afasta da tradição diplomática brasileira de equilíbrio e busca de diálogo e impede que o Brasil exerça seu almejado papel de mediador e protagonista no Oriente Médio”.

About Author

Deixe um comentário...