Macron defende nova política comercial na Europa e faz críticas a EUA e China
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu na quinta-feira (25) uma revisão da política comercial da União Europeia para proteger os interesses do bloco, diante de países como China e Estados Unidos que “não respeitam mais” as regras mundiais.
“Não podemos funcionar se formos os únicos no mundo a respeitar as regras do comércio conforme foram escritas há 15 anos, se os chineses e os americanos já não as respeitam, subsidiando setores”, afirmou.
Após defender uma maior abertura do mercado comum europeu, de 450 milhões de consumidores, e a defesa de seus interesses, Macron pediu a revisão da política comercial para serem respeitadas as regras sanitárias, trabalhistas e climáticas europeias.
“Não devemos nos entregar à rejeição de qualquer acordo comercial”, afirmou o presidente, em uma referência velada à rejeição pelo Senado francês do acordo comercial entre a União Europeia e o Canadá.
Macron apresentou o acordo como um modelo que o bloco deveria seguir, pois inclui, entre outros, cláusulas espelho, para garantir uma competição justa entre produtores europeus e canadenses.
Isso, juntamente com o respeito ao Acordo de Paris sobre o clima, é uma das exigências da França para os futuros acordos comerciais, em oposição aos acordos de “antiga geração”, como o negociado entre a UE e o Mercosul.
“Não somos a favor de nos fecharmos (…), mas sim de uma competição justa”, reiterou o presidente francês, apoiando medidas como uma taxa sobre importações com base em sua pegada de carbono e especificando isso nos produtos.
No final de março, durante uma viagem ao Brasil, Macron defendeu um “novo acordo” entre a UE e o Mercosul, uma vez que o negociado há mais de 20 anos não considera os desafios de “biodiversidade e clima”.
O discurso de quase duas horas sobre o futuro da Europa é visto como sua entrada em campanha para as eleições do Parlamento Europeu em junho, nas quais sua aliança centrista perde terreno para a extrema direita na França.