Maduro distribui ‘Super Bigote’ e ‘Cilita’ como presentes de Natal

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Deputada Carola Chávez mostra os brinquedos Super Bigote e Cilita, inspirados em Nicolás Maduro e sua mulher — Foto: Reprodução/Twitter/Carola Chávez

Por Sandra Cohen

No comando da Venezuela desde 2013, o ditador Nicolás Maduro se vê e quer ser visto como super-herói. Como parte de um culto egocêntrico, ele mandou produzir e distribuir 12 milhões de bonecos inspirados na sua figura e na da esposa, Cilia Flores, que foram doados como presente de Natal às crianças venezuelanas.

A contar pela reação indignada nas redes sociais, o efeito foi o inverso do previsto pelo regime. De capa como o Super-Homem, o “Super Bigote” (Bigode) e a assistente, “Cilita”, caíram no escárnio popular, principalmente entre as categorias que mais sofrem com o alto custo de vida no país, como os professores e aposentados.

“Super Bigote” surgiu no ano passado como desenho animado, exibido na TV pública venezuelana. Criado à imagem e semelhança de Maduro, embora mais atlético, o super-herói persegue os valores bolivarianos e combate o imperialismo americano, personificado pelo ex-presidente Donald Trump. O bordão “Com sua mão de ferro”, proferido pelo ditador, sustenta os episódios que são compartilhados por ele nas redes sociais.

A Venezuela é o país que apresenta a maior desigualdade social da América Latina, segundo revelou um estudo publicado em novembro pela Universidade Católica Andrés Bello. Cerca de 1,5 milhão de crianças e jovens entre 3 e 17 anos ficaram fora do sistema educacional no período 2021-2022.

A materialização do “Super Bigote” em boneco, com verbas públicas, e a sua distribuição para crianças durante o Natal tomou a forma de escândalo. O valor gasto não foi divulgado, mas a oposição questionou a sua utilização para outros fins, como o pagamento de salários atrasados, a compra de insumos hospitalares ou tantas necessidades básicas da população.

A distribuição de bonecos representando o ditador e a primeira-dama da Venezuela, na véspera do Natal ocorreu sob o comando da vice-presidente Delcy Rodríguez na comunidade La Tejerías, no estado de Aragua, atingida em outubro por um trágico deslizamento, com 22 mortos.

O evento ganhou rápida repercussão, tachado como propaganda do regime e doutrinação precoce das crianças, marcas registradas das autocracias que promovem o culto à personalidade de seus líderes.

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