Mais de 370 milhões de mulheres no mundo sofreram agressão sexual antes dos 18 anos, diz Unicef
Mais de 370 milhões de meninas e mulheres sofreram estupro ou outra forma de agressão sexual antes dos 18 anos de idade, disse o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na quarta-feira (9).
Isso representa uma de cada oito mulheres no mundo hoje.
O número sobe para 650 milhões, ou uma em cada cinco, quando se considera formas de violência sexual “sem contato”, como assédio verbal ou online, segundo a agência da ONU.
O relatório afirma que, embora meninas e mulheres sejam as mais afetadas, de 240 a 310 milhões de meninos e homens, ou cerca de 1 em cada 11, sofreram estupro ou agressão sexual durante a infância.
“A escala dessa violação dos direitos humanos é esmagadora e tem sido difícil de ser totalmente compreendida devido ao estigma, aos desafios de medição e ao investimento limitado na coleta de dados”, afirmou o Unicef ao divulgar o relatório.
O relatório é apresentado antes da primeira Conferência Ministerial Global sobre o Fim da Violência contra Crianças, que será realizada na Colômbia no próximo mês.
O Unicef disse que suas descobertas destacam a necessidade urgente de intensificar ações globais, inclusive fortalecendo as leis e ajudando as crianças a reconhecer e denunciar a violência sexual.
De acordo com o Unicef, a violência sexual ultrapassa fronteiras geográficas, culturais e econômicas, mas a África Subsaariana tem o maior número de vítimas, com 79 milhões de meninas e mulheres. O leste e o sudeste da Ásia vêm em seguida, com 75 milhões.
Em seus dados sobre mulheres e meninas, o Unicef estimou que 73 milhões foram afetadas na Ásia Central e Meridional; 68 milhões na Europa e na América do Norte; 45 milhões na América Latina e no Caribe, 29 milhões no norte da África e na Ásia Ocidental e 6 milhões na Oceania.
Os riscos foram maiores, chegando a 1 em cada 4, em “ambientes frágeis”, incluindo aqueles com instituições fracas, forças de paz da ONU ou um grande número de refugiados, segundo o relatório.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, chamou a violência sexual contra crianças de “uma mancha em nossa consciência moral”.
“Ela inflige traumas profundos e duradouros, muitas vezes por alguém que a criança conhece e em quem confia, em lugares onde deveria se sentir segura.”
O Unicef disse que a maior parte da violência sexual infantil ocorre durante a adolescência, especialmente entre os 14 e 17 anos, e aqueles que a sofrem enfrentam riscos maiores de doenças sexualmente transmissíveis, abuso de substâncias e problemas de saúde mental.
“O impacto é ainda mais agravado quando as crianças demoram a revelar suas experiências… ou mantêm o abuso em segredo”, disse o Unicef.
Segundo o Unicef, é necessário um maior investimento em coleta de dados para capturar a escala total do problema, dadas as persistentes lacunas de dados, especialmente sobre as experiências dos meninos.