Na Paraíba, uma arma é apreendida a cada três horas

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Foto: Freepik/Reprodução

Na Paraíba, uma arma de fogo é apreendida a cada três horas. De 2018 a 2022, foram 16.070 armas tiradas de circulação no estado. Os dados são da Secretaria do Estado da Segurança e da Defesa Social e foram obtidos por meio da Lei de Acesso da Informação (LAI). A solicitação sobre a origem dos armamentos, no entanto, não foi respondida.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o alto número de apreensões está associado à quantidade de armas que estão em circulação na sociedade, liberadas principalmente durante o governo de Jair Bolsonaro. Para o professor e especialista em Segurança Pública Nelson Gomes Júnior, o cenário de distribuição e circulação de armas no Brasil é assombroso. “Nos últimos anos, houve claramente uma política de liberação de armas como parte naturalizada da política de segurança pública”.

Por óbvio, as consequências têm sido contrárias ao que se divulgava: inúmeros incidentes e episódios fatais envolvendo as armas de fogo no Brasil, sem redução evidente das taxas de criminalidade

Conforme Nelson, existem diversas evidências de que não há relação entre armar a população e reforçar a segurança pública. “Ao contrário, armar o cidadão brasileiro produziu, e ainda produz, impactos significativamente negativos no âmbito da violência de gênero, escolar, política e comunitária”.

Os dados sobre apreensões de armas na Paraíba são, em grande parte, resultado de operações das forças de segurança. Mas essas ações, segundo o especialista, não são suficientes“As operações policiais são muito importantes com vistas à apreensão de armas e redução de crimes relacionados. Entretanto, de modo isolado, a atuação das forças de segurança se demonstra insuficiente para mudar o panorama atual. É muito importante o fortalecimento de uma Política Nacional Desarmamentista como estratégia nacional de redução de armas entre a população civil”, afirmou Nelson.

De acordo com o especialista em desenvolvimento humano, cultura de paz e não-violência Almir Laureano, a mudança desse cenário passa também pela reeducação da sociedade. “Uma educação sobre os valores, para respeitar a vida. Quando a gente quer responder às questões apenas nos defendendo com armas, a educação não é priorizada. Além disso, é preciso intensificar as ações das forças de segurança e investir em uma cultura de paz”.

O portal tentou contato com a secretário de Segurança e da Defesa Social da Paraíba, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

Armas ilegais

Na última quinta-feira (9), a Polícia Federal desmontou uma quadrilha voltada ao tráfico de drogas e armas, com ramificações em vários estados e chefiada em Campina Grande, na Paraíba.

Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, nove mandados de prisão preventiva e oito mandados de prisão temporária nas cidades de Campina Grande, João Pessoa e Boqueirão, na Paraíba, Teresina (PI), Londrina(PR), Itambé (PE), Bauru (SP) e na região metropolitana de São Paulo.

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