No Piauí, Bolsonaro volta a questionar pesquisas: “Não acreditem”

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Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Isac Nóbrega/PR

Por Mariana Costa

Durante evento de campanha em Teresina (PI), no sábado (15/10), o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, orientou os presentes em um comício a não “acreditarem em pesquisas eleitorais”. Tanto o mandatário quanto a base bolsonarista vêm fazendo ofensiva contra os institutos que realizam tais levantamentos.

“A todos vocês, não é promessa. É uma realidade. Pode vir tudo contra a gente. […] Não acreditem em instituto de pesquisa”, pediu Bolsonaro, diante de uma multidão que o ovacionou. No último levantamento do Datafolha, divulgado na sexta-feira (14/10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 53% dos votos válidos (sem contar brancos e nulos) e Bolsonaro aparece com 47%.

Em outro trecho do discurso no Piauí, o presidente pede que os apoiadores levem, no próximo dia 30, dia de votação do segundo turno, “os avós idosos” para votarem. Os jovens de 16 e 17 anos e os idosos de 70 anos de idade ou mais, no entanto, não são obrigados a comparecer às sessões eleitorais nem justificar ausência.

“Peço a vocês todos. Compareçam às urnas no dia 30 de outubro. Levem o pai e avôs idosos para votar. Cheguem até a urna, botem 22 e confirma”, reforçou.

Em 2018, pouco mais de 12 milhões de eleitores estavam nessa faixa etária. Para as eleições gerais deste ano, pelo menos 14,8 milhões de pessoas maiores de 70 estavam aptas para 1º turno do pleito.

A partir das suspeitas em relação às pesquisas eleitorais, a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) chegaram a abrir investigação sobre os institutos que fazem essas sondagens. No entanto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, suspendeu, na noite da última quinta-feira (13/10), tais ações.

Moraes chamou os procedimentos de “evidente usurpação da competência” do TSE e apontou “incompetência absoluta” e “ausência de justa causa” da PF e do Cade.

A decisão de magistrado foi criticada por Bolsonaro logo depois. Em uma entrevista durante a semana, o chefe do Executivo federal disse que, ao tomar a decisão, Moraes estaria “direcionando” votos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Disse para o ministro da Defesa que ele não manda na Defesa, eu não mando no Brasil. Mas tem um cara no Brasil que destoa, está mandando, está direcionando votos para o Lula. Até a decisão agora do Alexandre de Moraes de que institutos de pesquisas não podem ser investigados pelo erro. Erro não, né? Erro é uma coisa, pelo crime que eles fizeram em dar que o Lula ia ganhar no primeiro turno com 15%. Arranjou 3, 4, 5 milhões, não sei, para o Lula de votos. Podia estar empatado, eu ter ganho no primeiro turno. Aconteceu o contrário, quase que eles ganham”, afirmou em participação ao vivo no podcast Paparazzo Rubro-Negro.

No sábado (15/10), o corregedor do TSE, Benedito Gonçalves, determinou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, e Alexandre Cordeiro, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), prestem esclarecimentos sobre as tentativas de investigar institutos de pesquisa eleitoral.

De acordo com o corregedor do TSE, há indícios de “instrumentalização” e desvio de finalidade das estruturas do Ministério da Justiça para investigar institutos de pesquisa. O magistrado pediu que informações sejam prestadas dentro de três dias.

Fortaleza

Mais tarde, também no sábado, em pronunciamento logo na chegada em Fortaleza, no Ceará, Bolsonaro repetiu as acusações de que o ato do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, teria sido para angariar votos para a oposição.

“Pesquisas mentirosas. Teve gente que perdeu uma eleição porque o pessoal resolveu investir em outro, porque a pesquisa para aquele cara tava lá em baixo. A gente começa a investigar [com] o Ministério da Justiça e o Cade, e o que o Alexandre de Moraes faz? ‘Ah, não pode investigar’”, afirmou Bolsonaro.

“Ainda abre inquérito por abuso de autoridade. Ou seja, com toda certeza, essa pesquisa mentirosa arranjaram 2 a 3 milhões de voto pro Lula”, pontuou. O mandatário ainda insinuou que a Corte Eleitoral estaria praticando ativismo judicial em favor do candidato petista. “Veja quantas ações o Lula ganha no TSE e veja quantas eu ganho? Ele ganha 10 vezes mais que eu!”, sugeriu.

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