Número de doações de órgãos na Paraíba cresce em relação a 2021, mas mais de 400 pessoas ainda aguardam transplante

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Imagem ilustrativa. Foto: Arquivo/HNSN

Por Gustavo Demétrio*

O número de doações de órgãos na Paraíba cresceu cerca de 50% em 2022 em relação ao mesmo período de 2021, conforme levantamento feito pelo Núcleo de Ações Estratégicas da Central de Transplantes da Paraíba, ao qual o portal teve acesso.

No entanto, neste 27 de setembro, em que se comemora o ‘Dia Nacional da Doação de Órgãos’, a realidade paraibana ainda não é considerada a ideal: a fila de pessoas que esperam por um transplante tem mais de 400 pacientes no aguardo.

De acordo com os dados, a Paraíba já registrou de janeiro até setembro de 2022 a realização de 229 transplantes de órgãos ou tecidos. Ao todo foram 27 doadores efetivos, contra 18 contabilizados no mesmo período do ano passado.

O que também aumentou foram os transplantes de córneas realizados. Enquanto em 2021, nos nove primeiros meses do ano, foram feitos 167 transplantes, este ano já são 186.

As cirurgias renais deram um salto de 91%, saindo de 12 transplantes feitos até setembro de 2021 para 23, em 2022. Além disso, há aumento também nos números de transplantes de fígado, que até então já somam 15 cirurgias. No ano passado, o período comparado registrava nove procedimentos. Em relação aos transplantes de coração, este ano foram realizadas duas cirurgias.

Fila de espera

Apesar do aumento do número de transplantes em comparação com o ano anterior, ainda há uma longa fila de espera para as pessoas receberem órgãos que necessitam. Ainda segundo dados da Saúde na Paraíba, 447 indivíduos aguardam por algum tipo de transplante no estado.

Separando por órgãos, 248 pessoas aguardam recebimento de córneas, duas aguardam corações, 15 fígado e 182 rim.

Dados levantados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no recorte de 2021, ajudam também a montar um cenário e notar a diferença do número de pacientes que necessitavam de algum transplante e quantos de fato foram concretizados no estado.

Segundo a instituição, em 2021, 364 pessoas aguardavam o transplante de córnea, ao passo que 253 foram feitas. Em relação ao rim, 242 aguardavam a doação e apenas 16 foram contemplados.

Diante destes dados tanto de 2021 quanto de 2022, e da longa fila que muitas pessoas ainda vão ter que enfrentar para receberem o tratamento adequado, o g1 falou com Rafaela Dias, chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central de Transplantes da Paraíba, para entender o que está sendo elaborado pelo estado para poder diminuir esse déficit e continuar com melhorando os números de doações.

“Uma das maiores barreiras que impossibilitam a doação de órgãos é a falta de informação tanto da população quanto dos profissionais. É necessário uma conscientização, uma abordagem mais humanizada, para que cada vez mais a gente consiga aumentar o número de doações no nosso estado’’, ressaltou Rafaela sobre a grande barreira da informação em relação às doações.

Em muitos casos, as famílias de potenciais doadores não sabem das intenções dos entes queridos de estarem, quando vivos, inclinados a doar órgãos após a morte, o que acaba tirando parcela importante de um público que poderia ajudar a aumentar o número de doadores.

O fator familiar, segundo a chefe do Núcleo de Transplantes, é primordial para a discussão de conscientização das famílias. “A gente sabe que o fator familiar é importantíssimo, porque sem essa autorização dos familiares será impossível realizar doação e transplantes no estado”, disse.

Sobre o que está sendo feito pela Saúde da Paraíba para tentar quebrar esse tabu, Rafaela elencou algumas ações que estão sendo fomentadas: “O que está ocorrendo para que os números cresçam são as palestras educativas em escolas, em instituições, capacitação em massa desses profissionais, que acreditamos muito, em relação às equipes dos hospitais, equipe médica, de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos. Nosso intuito é capacitá-los ao máximo para aumentar os números”.

“Uma mensagem que utilizamos sempre é: ‘quando a família diz sim, a vida continua’, então esperamos que as pessoas sejam a mudança na vida de outro alguém, através de um gesto tão simples, de autorizar a doação de órgãos. Doar salva vidas e a gente precisa levantar a bandeira”, finalizou.

*Sob supervisão de Krys Carneiro

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