O que as investigações da PF revelam sobre a atuação de Bolsonaro, militares e ex-ministros
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Foto: Reprodução/YouTube
As investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de um golpe de estado para manter Jair Bolsonaro no poder revelaram que o ex-presidente pediu ajustes na minuta do golpe (como ficou conhecido o documento que tinha como objetivo mudar o resultado da eleição) e discutiu o seu teor com militares e membros do alto escalão do seu governo. Também mostraram a atuação de ex-assessores para articular e financiar atos golpistas e o envolvimento do PL, partido de Bolsonaro, no plano.
A operação realizada na quinta-feira (8) teve como alvo o próprio Bolsonaro, ex-ministros e ex-assessores dele e militares de alta patente. Além de inquéritos em andamento, foram levadas em conta a delação de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid e mensagens encontradas no celular dele.
Confira o que as investigações da PF revelaram:
- Bolsonaro discutiu o teor da minuta do golpe e pediu ajustes. A versão inicial previa a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas Bolsonaro pediu que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do documento. Ele também quis que fosse mantido o trecho que previa a realização de novas eleições.
- Após as mudanças, Bolsonaro convocou generais e comandantes das Forças Armadas para apresentar a minuta e pressioná-los a aderir ao golpe.
- O governo Bolsonaro mantinha uma estrutura de inteligência paralela que monitorava a agenda de autoridades e era comandada pelo ex-assessor especial de Bolsonaro Marcelo Câmara.
- Uma das agendas acompanhadas em tempo integral era a de Alexandre de Moraes para, caso fosse dado o golpe militar, ele pudesse ser preso. Segundo as investigações, Marcelo Câmara já tinha o “itinerário exato de deslocamento do ministro” nas semanas finais de dezembro de 2022.
- Militares da ativa pressionaram colegas contrários ao golpe para tentar fazê-los aderir ao movimento. Em uma das conversas captadas pela PF, o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, chegou a chamar o comandante do Exército, general Freire Gomes, de “cagão”.
- Bolsonaro convocou uma reunião em julho de 2022 com a alta cúpula do governo, incluindo o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para discutir estratégias que assegurassem a sua vitória nas eleições. Na ocasião, general Augusto Heleno, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defendeu que, se tivesse que “virar a mesa”, que fosse “antes das eleições”. A PF encontrou um vídeo da reunião em um computador apreendido na casa de Mauro Cid.
- Em dezembro de 2022, o então chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e disse que colocaria as tropas especiais nas ruas se ele assinasse a minuta do golpe.
- O grupo agia em seis núcleos para organizar uma tentativa de golpe de Estado.