‘Parecia um raio, pensei que fosse um prédio caindo’, diz testemunha de queda de avião em Gramado (RS)
Moradores de casas vizinhas ao local onde caiu um avião de pequeno porte no domingo (22) na cidade de Gramado (98 km de Porto Alegre), afirmam terem sido surpreendidos com o forte estrondo causado pelo acidente.
A aeronave caiu na manhã de domingo em área próxima à avenida das Hortênsias, entre os municípios de Gramado e Canela, em uma região repleta de estabelecimentos comerciais, turísticos e gastronômicos.
O avião tinha 10 passageiros: o piloto e proprietário da aeronave, o empresário Luiz Claudio Galeazzi, e nove parentes dele, incluindo esposa e três filhas. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), informou que não há sobreviventes.
No início da tarde de domingo, moradores, turistas e trabalhadores de estabelecimentos próximos ao local do acidente ainda tentavam entender a dimensão da tragédia.
O sonho de passar o Natal em Gramado se tornou trauma para a família da professora Jéssica Carolina Silva Maia, 35. A pousada em que estava hospedada foi atingida pela aeronave e ficou com a lateral parcialmente destruída.
“Saí do quarto e só vi fumaça e os vidros estourando. Me deparei com a camareira e a funcionária da cozinha em chamas. A fumaça já estava intoxicando e procuramos sair o quanto antes”, afirma.
Mineira, Jéssica está em Gramado com o marido e a filha de 5 anos. Um hotel próximo abrigou a família. Ela foi informada pelo Corpo de Bombeiros que todos os pertences que estavam na pousada foram perdidos.
“A gente não tem notícias nem dos hóspedes que fizemos amizade, nem dos funcionários.”
Com um domingo frio na serra gaúcha, os turistas desabrigados usam roupas doadas por hóspedes do hotel vizinho para se aquecerem.
O empresário Jairo de Oliveira, 41, estava em casa, a cerca de 400 metros do local acidente, quando escutou o estrondo.
“Foi uma espécie de explosão. Um barulho que parecia um raio, pensei que fosse um prédio caindo”, afirma.
O motorista de aplicativo, Fabiano Peteffi Setti, 46, levava um casal de passageiros de Gramado para Canela quando o avião caiu a cerca de 500 metros do local onde trafegava. Ele conta que ouviu “um grande estrondo vindo do céu”.
Ao ver os prédios atingidos e os destroços, diz que conseguiu perceber que se tratava da queda de uma aeronave. “Deu para entender rápido que se tratava de uma tragédia”, conta.
Larissa Santana, turista do Rio de Janeiro, dormia quando o avião caiu em uma área a cerca de 400 metros da casa em que está hospedada com a família. O imóvel tem nove pessoas.
“Ouvimos um barulho muito alto, como se fosse um caminhão perdendo o controle do meu lado, bem do lado mesmo. Acordamos assustados, com as janelas tremendo e escutamos o impacto forte da explosão”, disse.
Curitibanos, o gestor comercial Vinicius de Moraes e a mulher foram a Gramado para ver as atrações de Natal da cidade. O casal está hospedado em um hotel a 700 metros do acidente e descia para tomar o café da manhã quando ouviu a explosão.
“Corremos até o local para tentar ajudar. Vimos lojas ao redor com vidros quebrados, peças do avião espalhadas por todo canto.”
Um trecho da rodovia RS-235, chamada de avenida das Hortênsias no trecho entre Gramado e Canela, foi bloqueado e apresenta trânsito lento. Caminhões do Corpo de Bombeiros, caminhões–pipa e carros da Brigada Militar seguem mobilizados na região.
Parte do comércio, como choperia, oficina mecânica e um museu, estavam fechados no momento do acidente. As pousadas e imóveis residenciais da região, contudo, estão com fluxo de alta temporada por conta do fim de ano.
A Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Estadual orientam o fluxo de trânsito que, apesar de lento, está fluindo com a rodovia parcialmente liberada. O local próximo à tragédia está interditado com fitas de isolamento.
De acordo com o Governo do Rio Grande do Sul, as primeiras informações apontam que a aeronave bateu contra a chaminé de um prédio em construção, atingiu o segundo andar de uma casa e também uma loja de móveis. Destroços ainda atingiram parte de um hotel.
Ao menos 17 pessoas foram levadas a hospitais da região, com ferimentos ou por inalar fumaça. Duas estão em estado grave.
Segundo a Infraero, a aeronave de prefixo PR-NDN levantou voo às 9h15, no aeroporto de Canela (RS), e seguiria para Jundiaí, no interior de São Paulo.
A Secretaria da Segurança Pública do RS divulgou uma nota dizendo que o local está isolado pela Brigada Militar. A Polícia Civil investiga o caso. Ainda não há informações sobre as possíveis causas do acidente.
A Força Aérea Brasileira disse, em nota, que investigadores do órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), localizado em Canoas, foram acionados para realizar uma ação inicial envolvendo uma aeronave de matrícula PR-NDN.