Parlamento de Israel aprova lei que permite ao governo de Netanyahu fechar a Al Jazeera; EUA tratam medida como ‘preocupante’

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Benjamin Netanyahu

O Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou na segunda-feira (1º/4) uma lei que permite ao governo fechar a rede de TV Al Jazeera no país. O projeto contou com 71 votos a favor e 10 contra.

Antes mesmo da votação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia afirmado, por meio do porta-voz de seu partido, o Likud, que “tomará medidas imediatas para fechar a Al Jazeera, de acordo com o procedimento estabelecido na lei”.

Na rede social X (antigo Twitter), Netanyahu se pronunciou sobre a lei e chamou a emissora de terrorista.

“A Al Jazeera prejudicou a segurança de Israel, participou ativamente do massacre de 7 de outubro e incitou contra os soldados das Forças de Defesa de Israel. O canal terrorista Al Jazeera não transmitirá mais de Israel”, disse o primeiro-ministro israelense.

A lei aprovada pelo Congresso israelense não se limita apenas ao Al Jazeera: ela permite o fechamento temporário em Israel de emissoras estrangeiras consideradas uma ameaça à segurança nacional. O fechamento de veículos de imprensa pelo governo de Netanyahu se estenderia por um período inicial de 45 dias, com a suspensão podendo ser renovável por mais tempo.

A Al Jazeera é uma rede de TV com sede no Catar, que recebe financiamento direto do regime de Doha, embora afirme manter independência editorial.

Israel já havia acusado a emissora de provocar agitação contra o país entre os telespectadores árabes.

Reação da Al Jazeera

Em nota, a Al Jazeera afirmou que Netanyahu faz uma campanha contra a rede, acusando-a de prejudicar a segurança de Israel e de ter participado dos ataques terroristas do 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas assassinou 1.200 pessoas, o que a rede diz que são mentiras.

“Netanyahu não conseguiu encontrar nenhuma justificativa para dar ao mundo para seus ataques recorrentes contra a Al Jazeera e a liberdade de imprensa, exceto as mentiras e calúnias contra a rede e seus funcionários”, diz o texto.

A aprovação da medida que abre caminho para a proibição da rede em Israel é parte desses ataques, afirma-se na nota. O texto então cita outros eventos que fariam parte da mesma campanha:

  • A morte dos jornalistas Samer AbuDaqqa e Hamza AlDahdouh.
  • O bombardeio do escritório da Al Jazeera na Faixa de Gaza.
  • A perseguição a diversos jornalistas da rede.
  • A prisão e intimidação de correspondentes.

EUA e Catar

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que a lei aprovada pelo Congresso israelense é “preocupante” e destacou que a liberdade de imprensa é fundamental. O comentário dos Estados Unidos é importante porque o país é o maior aliado de Israel.

Na semana passada, os EUA se abstiveram de uma votação de cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas no Conselho de Segurança da ONU. Isso irritou Netanyahu, que decidiu cancelar a visita que ele e sua delegação fariam aos EUA para discutir sobre a guerra.

Procurados pela agência Reuters, o principal escritório da emissora em Israel e o governo do Catar não responderam imediatamente a um pedido para comentar a fala do premiê.

Autoridades israelenses reclamam há muito tempo da cobertura da Al Jazeera, mas não chegaram a tomar ações.

Rodadas de negociações em Doha

Desde a guerra em Gaza, que eclodiu em 7 de outubro de 2023, com assassinatos e sequestros cometidos pelos combatentes do Hamas, que controla o território, Doha tem mediado negociações de cessar-fogo. Em novembro do ano passado, Israel recuperou alguns dos reféns durante trégua negociada por meio dessas conversas.

No entanto, as negociações sobre uma segunda proposta de trégua parecem não levar a lugar algum. Em janeiro, Netanyahu apelou publicamente para que Doha impusesse mais pressão ao Hamas para que este acatasse as condições de Israel. O Catar abriga o gabinete político do grupo e várias autoridades graduadas do Hamas.

Questionado se a ameaça contra a Al Jazeera poderia fazer parte de tal pressão, um porta-voz do governo israelense, Avi Hyman, não respondeu diretamente, embora tenha descrito a emissora como “empenhada em divulgar propaganda durante muitos e muitos anos”.

O ministro das Comunicações de Israel acusou a emissora em 15 de outubro de incitação pró-Hamas e de expor as tropas israelenses a emboscadas. A Al Jazeera e o governo de Doha não responderam a essas alegações.

No mês seguinte, Israel pareceu poupar a rede do Catar, ordenando, em vez disso, o fim das transmissões locais de um canal libanês pró-iraniano menor, Al Mayadeen.

O projeto de lei que foi ratificado na segunda-feira (1º/4) foi aprovado em primeira leitura no Knesset, o Parlamento israelense, em fevereiro passado.

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