Polícia Civil afasta agente acusado de receber R$ 800 mil do PCC
A Polícia Civil de São Paulo afastou das funções o investigador Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, suspeito de receber, ao lado de outro agente, propina no valor de R$ 800 mil do Primeiro Comando da Capital (PCC). Pinheiro, que atuava no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), foi preso pela Polícia Federal (PF) no dia 3 de setembro, durante a Operação Face Off.
As investigações sobre o vínculo de “Bolsonaro” e do investigador Valdenir Paulo de Almeida, o “Xixo”, com o PCC começaram a partir de um áudio encontrado no celular do traficante André Roberto da Silva, condenado por despachar 2,7 toneladas de cocaína em uma carga de milho para a Europa pelo Porto de Santos.
As mensagens obtidas pela PF mostraram a negociação entre os agentes e o traficante com relação à “Operação Alfaiate”, que visava reprimir o tráfico internacional de drogas. Em troca do repasse de R$ 800 mil, as investigações foram interrompidas e a “Operação Alfaiate” não chegou a resultar na abertura de inquérito.
A PF, que trabalha no caso em parceria com o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Corregedoria de Polícia Civil, aponta “Bolsonaro” e “Xixo” como responsáveis por repassar a integrantes do PCC informações sigilosas sobre ações de combate ao tráfico e ao crime organizado. Os dados chegavam à facção pelos advogados dos traficantes.
Um caderno apreendido com André Roberto da Silva mostrou que “Bolsonaro” e “Xixo” chegaram a enviar, por um advogado, a foto de um avião usado para o transporte de cocaína do PCC em Portugal.
O acesso à base de dados da Polícia Civil foi o que levou ao decreto de prisão preventiva emitido pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de São Paulo. Os dois investigadores também são acusados de agiotagem e por desviar e vender drogas apreendidas em operações da Polícia Civil de São Paulo.
A Polícia Federal investiga o uso de contas bancárias fictícias e compras ilícitas de imóveis para lavar o dinheiro obtido com as atividades ilegais dos dois agentes. Na operação, também foi decretado o bloqueio de até R$ 15 milhões em bens dos investigados e o sequestro de carros avaliados em R$ 2,1 milhões e imóveis avaliados em R$ 8 milhões.
A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo abriu procedimento disciplinar para apurar o caso. O afastamento de “Bolsonaro” foi determinado pelo delegado-geral de Polícia Civil Artur José Dian. A medida tem validade a partir do dia 4 de setembro e não teve prazo de duração estabelecido.