Preso por incêndio em São Paulo tem problemas psiquiátricos e não é ligado ao PCC
Até o momento, três pessoas foram presas por suspeita de realizar incêndios criminosos no interior de São Paulo. Um quarto caso foi registrado, mas o homem foi liberado. Por ora, o governo de São Paulo descarta que as ações tenham sido coordenadas.
Um dos incendiários é Alessandro Arantes, de 42 anos, preso em Batatais, região de Franca, no domingo (25). No ato da prisão, Arantes afirmou ser integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). O GLOBO apurou que Arantes tem problemas psiquiátricos, possivelmente agravados pela morte recente da mãe, é usuário de drogas e ultimamente morava na rua.
Representantes das forças de segurança descartam qualquer ligação deste ato com a facção criminosa paulista. O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de Presidente Prudente, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou que não há “nenhuma chance” de ele ser do PCC, apesar de ter afirmado isso.
Segundo o Boletim de Ocorrência, policiais realizavam patrulhamento de rotina na região do Central Parque, em Batatais, quando uma denúncia anônima chegou ao sistema. O denunciante informou que avistou um indivíduo ateando fogo na mata, aos fundos do local.
Policiais então entraram na estrada de terra e avistaram uma grande nuvem de fumaça e o fogo se alastrando, além de um homem com algo nas mãos. O suspeito tentou esconder a garrafa PET com gasolina e fugiu, mas foi encontrado e preso. Ele filmou o crime e não impediu o policiais de acessaram o conteúdo de seu celular, onde estavam os registros.
Um trecho do vídeo diz: “Bom dia para nós, primeiramente. Com Deus aí, né. Bom dia, papai. Glória a Deus. ‘Tamo organizado’ aqui agora. ‘Bagulho’ é daquela forma, na balança, naquela medida”.
Arantes já foi preso por vários crimes, como roubo, furto, homicídio e posse de droga. Sua primeira prisão foi em 2004, na Cadeia Pública de Batatais. Seu apelido no crime é Molenga. Ele será indiciado pelo artigo 250 do Código Penal, que é causar incêndio e expor a vida de outro a perigo. Se condenado, a pena pode chegar a seis anos de reclusão.
Outro preso por suspeita de incendiar uma fazenda no interior de São Paulo é Daniel Rodrigues Caires, de 26 anos. Ele foi visto saindo de um canavial na zona rural de Guaraci, no interior de São Paulo, região de Barretos, na quinta-feira passada (22). Segundo o Boletim de Ocorrência, a polícia foi acionada por uma testemunha do crime. Quando chegaram, os policiais avistaram o incêndio de “grandes proporções próximo à área urbana”.
Testemunhas informaram ter visto Caires ateando fogo “em vários pontos do canavial” e depois saindo do meio do mato sem camisa. Abordado, Caires negou o crime, mas foram encontrados com ele dois isqueiros. Ele dificultou a prisão e permaneceu em silêncio.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), informou nesta segunda-feira a prisão de um terceiro suspeito pela realização de incêndios criminosos no estado. A terceira apreensão, confirmada por ele em entrevista a GloboNews, teria ocorrido também neste final de semana na cidade de Porto Ferreira.
Um quarto homem foi detido e liberado por suspeita de provocar os incêndios no interior. No sábado (24), Antônio de Oliveira Salgado, de 76 anos e sem passagem, foi visto por uma mulher, supostamente sua vizinha, colocando fogo em lixo residencial no fundo de sua chácara. O fogo dispersou, mas foi controlado pelo bombeiro. Na delegacia, ele foi indiciado e liberado, por não haver indicativo de que se tratava de um incêndio criminoso.
As defesas dos indiciados não foram localizadas. O espaço permanece aberto para manifestação.
Recorde de incêndios
Mesmo com a Defesa Civil tendo afirmado que já conseguiu controlar os incêndios rurais que atingiram São Paulo ao longo da última semana, o estado teve o mês mais incediário desde que o monitoramento do fogo por satélite se iniciou no país, em 1998.
Até a noite de ontem, a cinco dias de agosto terminar, havia registros de 3.482 de estado no mês em solo paulista. O recorde anterior havia sido agosto de 2010, ano de uma grande estiagem na qual São Paulo teve 2.444 focos em agosto.
A polícia está investigando as causas do recorde de incêndios, uma vez que não há fenômeno atmosférico ou climático que explique a proporção.