Prisão de estudante de Columbia pró-Palestina é primeira de muitas que virão, diz Donald Trump

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Mahmoud Khalil fala com veículos de imprensa sobre o acampamento 'Revolta por Rafah' na Universidade Columbia - Jeenah Moon/1.jun.24/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou na segunda-feira (10) a prisão do estudante ativista palestino Mahmoud Khalil, da Universidade Columbia, ocorrida no último sábado (8). Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, dizendo que esta é “a primeira de muitas que virão”.

“Sabemos que há mais estudantes em Columbia e em outras universidades em todo o país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não vai tolerar isso. Muitos não são estudantes, são agitadores pagos”, afirmou o presidente, sem apresentar evidências das acusações.

Segundo ele, os esforços de seu governo continuarão: “Encontraremos, prenderemos e deportaremos esses simpatizantes do terrorismo de nosso país —para que nunca mais voltem. Se você apoia o terrorismo, sua presença é contrária aos nossos interesses nacionais e de política externa, e você não é bem-vindo aqui”, escreveu.

A postagem foi feita pouco após a transferência do estudante preso para uma prisão federal destinada a migrantes na Louisiana. Os advogados de Khalil, estudante de pós-graduação da Escola de Assuntos Internacionais e Públicos de Columbia, recorreram de sua prisão no tribunal distrital em Manhattan.

No sábado à noite, agentes do Departamento de Segurança Interna prenderam Khalil na frente de sua esposa, uma cidadã americana grávida de oito meses, no saguão do prédio, dizendo-lhe que seu visto de estudante havia sido revogado, de acordo com Amy Greer, advogada do estudante.

Khalil possui um green card de residência permanente nos EUA desde 2024 e não está mais com um visto de estudante, afirmou Greer. Segundo ela, a esposa do estudante mostrou aos agentes o green card de Khalil e também foi ameaçada da prisão. Ainda de acordo com a advogada, os agentes teriam afirmado que o green card havia sido revogado, recusaram-se a dar um motivo, e algemaram Khalil.

Horas antes de sua prisão, o estudante disse à agência de notícias Reuters que estava preocupado com o fato de o governo estar fazendo dele um alvo por seus comentários na imprensa sobre o que chama de movimento antiguerra.

Estudantes afirmam que agentes federais de imigração têm sido vistos em dormitórios e alojamentos estudantis ao redor do campus da Columbia, em Manhattan, desde quinta-feira, um dia antes de o governo Trump anunciar que cancelaria US$ 400 milhões em subsídios e contratos federais concedidos à universidade.

Os agentes federais estão tentando deter pelo menos um outro estudante estrangeiro além de Khalil, de acordo com o sindicato Student Workers of Columbia. Esse estudante, que o órgão não quis identificar, recebeu um email na quinta-feira do consulado dos EUA em seu país de origem informando que seu visto havia sido revogado, o que não teria sido relatado anteriormente. O consulado não informou o motivo da revogação, segundo o sindicato.

No dia seguinte, três agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA foram ao prédio do estudante e tentaram entrar em seu apartamento. Os agentes não tinham um mandado judicial e, pela lei, não poderiam entrar em propriedade privada sem permissão. “Os agentes foram, por direito, rechaçados na porta”, disse o sindicato em um comunicado.

Os porta-vozes do Departamento de Segurança Interna (DHS) se recusaram a responder perguntas sobre as afirmações do sindicato, que a Reuters não conseguiu verificar de forma independente. Já o Departamento de Estado disse que os registros de vistos são confidenciais e, portanto, que não pode comentar casos individuais.

O sindicato afirmou que o estudante pediu para não ser identificado publicamente para proteger sua privacidade e por medo de prejudicar a continuidade de seus estudos em Columbia. Questionado sobre Khalil e o outro estudante estrangeiro, um porta-voz da universidade disse que a faculdade estava impedida por lei de discutir casos individuais de estudantes com a mídia.

O governo afirmou em publicações nas redes sociais que Khalil foi detido como parte dos esforços prometidos por Trump para revogar vistos ou green cards e deportar alguns estudantes que participaram dos protestos pró-Palestina e anti-Israel que agitaram os campi.

Trump diz que os protestos são antissemitas. Khalil e outros ativistas observam que os estudantes judeus estão entre os organizadores dos protestos e afirmam que suas críticas a Israel e ao apoio do governo dos EUA estão sendo erroneamente confundidas com antissemitismo.

Trump tem criticado a Universidade Columbia desde que retornou à Casa Branca em janeiro, dizendo que ela permitiu atos antissemitas “dentro e perto” de seu campus. A instituição afirma que tem trabalhado para combater o antissemitismo e outros preconceitos enquanto tenta restaurar a calma em seu campus.

Na contestação da detenção apresentada no tribunal de Manhattan no domingo, a defesa de Khalil pediu que o DHS fosse impedido de transportá-lo para fora de Nova York.

A advogada Greer declarou que a detenção de Khalil foi motivada por sua “crítica às instituições americanas que apoiam Israel”, o que, segundo ela, está respaldado pela liberdade de expressão prevista na Primeira Emenda da Constituição dos EUA. “Até mesmo a ameaça de detenção e deportação tem um efeito inibidor sobre o discurso”, escreveu Greer. O governo ainda não respondeu à petição.

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